Claudia Raia, 57 anos, volta aos palcos após passar os dois últimos anos se dedicando à maternidade para viver a pintora Tarsila do Amaral no espetáculo Tarsila, a Brasileira, o qual ela também produz. O musical conta a história da artista desde seu retorno da Escola de Artes de Paris até a morte de sua neta, além de abordar o romance com Oswald de Andrade e a criação da icônica obra Abaporu.
Um dos destaques da produção é justamente a dinâmica de seu relacionamento com o poeta. Em entrevista à revista Claudia publicada nesta quinta-feira (25), a atriz comentou sobre Tarsila ter sido supostamente "trocada" por Pagu. Para ela, eles viviam uma relação aberta.
— Mas será que troca, mesmo? Na década de 1920 ainda não falávamos sobre relacionamento aberto ou a três. Pelas minhas pesquisas, o que aconteceu ali foi isso. Tarsila é uma mulher muito à frente do seu tempo. Sua relação com Oswald é muito complexa. Mesmo separados, era a ela que ele recorria quando precisava de ajuda financeira, por exemplo. Ao longo dos anos, eles foram se transformando, mas fizeram parte da vida um do outro mesmo depois do casamento acabar — opinou.
— Acho que a forma de amar também influenciou a maneira de criar. A maior prova disso é o Abaporu: um autorretrato criado como presente de aniversário para Oswald e que se tornou símbolo de um movimento que revolucionou a cultura brasileira — acrescentou.
Claudia também falou sobre o assunto para a revista Marie Claire, em entrevista publicada nesta quinta.
— A gente fala de trisal no espetáculo, que é algo muito contemporâneo. Há 100 anos ela já vivia uma relação a três — garantiu.
Na peça, Claudia fica nua e, para ela, não se trata de um "nu gratuito", e sim um elemento para contar melhor a história do casal.
— Na sociedade, o corpo da mulher é algo indecente, provocativo. Se essa é a mentalidade, um nu feminino em uma peça vai ser interpretado já, antes mesmo da estreia, como algo altamente subversivo. Mas, como já disse, esse é um momento importante do espetáculo, é muito bonito, ajuda a contar a história e mostra como era o casal Tarsila do Amaral e Oswald de Andrade. A nudez aqui entra para mostrar a intimidade desse casal, a intimidade dessa mulher com o próprio corpo, com o próprio desejo, com a própria pele dela. A nudez, para mim, é justamente um símbolo de aceitação de si. Não tem que ser visto como algo sexualizado por si só — concluiu.