Três dos filmes mais indicados a estatuetas no Oscar 2024 foram baseados na literatura, seja não ficção ou romance. Oppenhaimer, de Christopher Nolan, Poor Things, de Yorgos Lanthimos, e Assassinos da Lua das Flores, de Martin Scorsese, são longas baseados em obras literárias que, se não premiadas, foram muito aclamadas pela crítica ou obtiveram sucesso de vendas.
Já A Sociedade da Neve recebeu apenas duas indicações, incluindo a de melhor filme internacional, mas também é uma produção baseada em um livro. A história retrata um dos mais trágicos acidentes da aviação, com uma marcante luta por sobrevivência.
Livros que inspiraram filmes do Oscar 2024
Oppenheimer
- Filme tem 13 indicações ao Oscar 2024
O filme de Christopher Nolan se baseia no livro Oppenheimer: O triunfo e a tragédia do Prometeu americano, escrito por Kai Bird e Martin J. Sherwin, lançado em 2005 e agraciado com o prêmio Pulitzer de melhor biografia em 2006. No Brasil, a obra foi lançada pela editora Intrínseca.
O livro é considerado a primeira biografia de J. Robert Oppenheimer (1906-1967), o homem que inventou a bomba atômica, tido como brilhante e carismático. Foi ele quem liderou o projeto para construir uma arma nuclear para defender os Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial. Os artefatos entraram para a história ao serem lançados contra as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, dizimando milhares de pessoas.
Construída após numerosas pesquisas, entrevistas, registros e cartas encontradas em arquivos dos Estados Unidos e do FBI, a biografia narra a vida de Oppenheimer em detalhes, de sua infância até o ápice de sua carreira como físico, incluindo sua mudança de posição em relação às armas nucleares.
Assassinos da Lua das Flores
- Filme tem 10 indicações ao Oscar 2024
Dedicado a contar histórias sobre os Estados Unidos, como túneis de água de Nova York e gangues em presídios americanos, o jornalista David Grann se voltou para um caso trágico do início do século XX que até então tinha pouca repercussão: o assassinato de indígenas Osage na década de 1920, em Oklahoma. Em Assassinos da Lua das Flores - Petróleo, morte e a origem do FBI, lançado no Brasil em 2018 pela Companhia das Letras, ele conta o diabólico plano de William King Hale para se aproximar e matar os integrantes da tribo Osage, que haviam enriquecido por conta da descoberta de petróleo nas terras onde viviam.
Foi nesse livro que Martin Scorsese se baseou para o filme homônimo estrelado por Leonardo DiCaprio, Lily Gladstone e Robert De Niro. A obra de David Grann também retrata o surgimento do FBI, agência federal criada em 1908 e, nos anos 1920, ainda uma estrutura frágil e incipiente, mas que contava com ambição do jovem policial J. Edgar Hoover - quem decide ir a fundo na investigação dos assassinatos dos indígenas.
Poor Things
- Filme tem 11 indicações ao Oscar 2024
Escrito por Alasdair Gray e publicado nos Estados Unidos em 1992, pela editora Bloomsbury, o livro recria a fórmula de Frankestein para contar a história da jovem Bella Baxter, inventada pelo cientista Godwin Baxter para lhe servir de companhia sexual.
Ao encontrar o corpo da moça que havia morrido afogada, o cientista troca seu cérebro pelo de um feto. O corpo volta à vida, mas é uma mulher que sempre se comportará como uma criança vivaz e inconsequente. O livro ganhou os prêmios Whitbread Novel Award e Guardian Fiction Prize.
Diretor do filme homônimo estrelado por Emma Stone, William Dafoe e Mark Ruffalo, o grego Yorgos Lanthimos contou que leu Poor Things em 2009 e que havia se apaixonado pela personagem de Bella Baxter.
— Eu me apaixonei completamente por Bella Baxter, e era óbvio para mim que de alguma forma eu precisava trazê-la à vida. Fiquei surpreso por ninguém ter feito uma versão cinematográfica — disse Lanthimos ao portal BBC.
A Sociedade da Neve
Um acidente de avião nos Andes entrou para a história da aviação como uma das maiores e mais escabrosas tragédias, que rendeu diversos filmes, livros e séries. Em 1972, o voo 571 da Força Aérea Uruguaia caiu na Cordilheira dos Andes com 45 pessoas a bordo. Após mais de 70 dias nas montanhas geladas, apenas 16 pessoas sobreviveram. Para aguentar as condições inóspitas, comeram inclusive carne humana daqueles que haviam morrido.
Conhecido dos jovens que sobreviveram, Pablo Vierci decidiu contar a história em A Sociedade da Neve, publicado em 2008 e, no Brasil, editado pela Companhia das Letras. Na obra, ele escreve que 16 sobreviveram porque 29 morreram, fazendo referência à solução encontrada em meio à neve para que o acidente não se tornasse uma tragédia sem vidas a salvo.
— Também me chamou a atenção, mas não me surpreendeu, o fato de eles não perderem a força, como dizem eles, já que o mais fácil era morrer — disse Vierci em entrevista ao jornal Estadão.