O diretor de teatro Aderbal Freire-Filho morreu nesta quarta-feira (9), aos 82 anos. A notícia foi confirmada por familiares ao jornal O Globo. Ele enfrentava problemas de saúde desde 2020, quando sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC), e estava internado no Hospital Copa Star, no Rio de Janeiro.
Aderbal era casado com a atriz Marieta Severo, 76, desde 2004. Deixa um filho, Camilo.
Natural de Fortaleza (CE), o dramaturgo, que nasceu em 1941, começou a trilhar carreira artística aos 13 anos, quando já atuava em grupos amadores de teatro. Filho do dono de uma livraria que faliu, formou-se em Direito, mas nunca exerceu a profissão. Na década de 1970, foi morar no Rio de Janeiro.
Enquanto diretor, ganhou fama por sua ousadia ao montar peças pouco tradicionais. Estreou na função em 1972, com o espetáculo O Cordão Umbilical, de Mário Prata. Seu primeiro sucesso ocorreu um ano depois, com o monólogo Apareceu a Margarida, de Roberto Athayde, estrelado por Marília Pêra.
Foi um grande defensor da integração do teatro brasileiro com os de países da América do Sul. Em 2018, recebeu o título de visitante ilustre pela Câmara Municipal de Montevidéu. Montava espetáculos em países como Argentina e Colômbia, entre outros, desde os anos 1980.
Para além dos palcos, Aderbal também foi apresentador. De 2012 a 2016, comandou o programa Arte do Artista, na TV Brasil. Também seguiu vida acadêmica como professor na Casa das Artes de Laranjeiras, na Escola de Teatro Martins Pena, e na Faculdade de Letras da UFRJ.
Em entrevista para GZH, em 2015, o dramaturgo refletiu sobre o seu trabalho:
— Mesmo no teatro, eu me considero um coreógrafo. Um coreógrafo das palavras, das ações, dos signos. Em outras palavras: a poética dos meus espetáculos deve seus significados à "dança" que procuro criar entre os atores, o que eles dizem, o que eles fazem e por que dizem e fazem.