O avanço do tempo pode ser bastante pedregoso. Talvez brutal. Quem sabe melancólico. Por outro lado, o musical Forever Young destaca que envelhecer não precisa ser um processo amargo — pode ser uma grande festa também. E na trilha desse baile da saudade, um encaixe coeso: o rock.
Retratando o envelhecimento com bom humor, em uma combinação de comédia com sucessos roqueiros, Forever Young volta a Porto Alegre nesta quinta-feira (9), no Farol Santander. O musical será realizado até o dia 19 de março, sempre de quinta a domingo, com sessões às 20h.
Criado pelo dramaturgo suíço Erik Gedeon, Forever Young já rodou o mundo. Após assisti-lo na Argentina, o produtor Henrique Benjamin resolveu trazer o espetáculo ao Brasil, contando com Jarbas Homem de Mello na direção-geral. Desde 2016, nomes como Carmo Dalla Vecchia e Claudia Ohana já passaram pela versão brasileira do musical. Na montagem que retorna à capital gaúcha, o elenco terá Fafy Siqueira, Vanessa Gerbelli, Saulo Vasconcelos, Paula Capovilla, Ivan Parente, Miguel Briamonte (também diretor musical) e Rodrigo Miallaret.
Forever Young se passa em 2050, em um retiro de artistas chamado Asilo Gretchen. Lá estão sete atores que representam a si mesmos no futuro, beirando a casa dos cem anos, sob os cuidados de uma enfermeira interpretada por Fafy. Os artistas relembram o passado e contam histórias, que são pontuadas por canções.
No repertório, estão hinos do pop rock internacional, como I Love Rock and Roll, Smells Like Teen Spirit, I Will Survive, Roxanne, Rehab, Satisfaction, Sweet Dreams, Imagine e, entre outros petardos, a música que dá nome ao espetáculo — a oitentista Forever Young, do Alphaville. Também há um tempero brasileiro na montagem, trazendo nomes como Raul Seixas, Tim Maia e Chico Buarque.
Além de números musicais, há situações cômicas em torno da senilidade ou fragilidade dos artistas do retiro, mas, segundo o diretor, sem ridicularizar a dor ou a falta de mobilidade. Jarbas descreve Forever Young como um espetáculo de pouco texto e de pausas, mas também amparado pela comédia física.
Fafy acrescenta que o musical agrega um humor moderno e engraçado. Ao mesmo tempo, destaca que Forever Young apresenta momentos de fortes emoções.
— Dificilmente tem um dia em que eu não me emocione e chore — admite Fafy. — Gosto muito desse tipo de coisa, que é riso, riso e riso. Só que daí vem uma parte que é toda emoção, emoção e emoção. Depois, retoma-se o riso.
Jarbas lembra que se apaixonou pelo texto de Forever Young pelo modo como aborda as mazelas e alegrias do envelhecimento. Tratava-se de algo que o diretor sentia vontade de discutir. Além disso, é um espetáculo sobre as escolhas da vida.
— O musical fala muito do que se viveu e do que ficou nas lembranças E o mais importante: fala que envelhecer não é fácil, envelhecer é duro. Mas pode ser uma grande festa também. É um espetáculo muito poético — descreve Jarbas.
Aos 68 anos, Fafy visualiza que Forever Young é sobre autoaceitação. No caso, como uma forma de encarar a passagem do tempo com leveza:
— Nós todos envelhecemos. Porém, podemos aprender a nos aceitar e a receber a vida como uma bênção. Perceber que é muito melhor estar vivo do que morrer. Então, você começa a conviver melhor com aquilo. Passa a enfrentar a realidade de uma forma mais leve.
Forever Young
- Estreia nesta quinta (9). De quinta a domingo, às 20h, no Farol Santander (Rua Sete de Setembro, 1.028), em Porto Alegre. Temporada até 19 de março.
- Classificação etária: 14 anos.
- Duração: 100 minutos
- Ingressos a R$ 120, via plataforma Sympla, com taxas.