Nesta sexta-feira (18), os quatro grupos de teatro que foram desclassificados do Prêmio Açorianos de Teatro Adulto, por ausência da comissão julgadora para avaliar as peças, realizaram uma nova reunião com a Coordenação de Artes Cênicas da Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa (SMCEC).
Durante duas horas, foram discutidas novas possibilidades na tentativa de solucionar o problema. Entretanto, novamente, a reunião foi encerrada sem um acordo.
A proposta apresentada pelos representantes do prêmio, considerado o mais importante do Estado, foi a de prorrogar a premiação para o próximo ano, durante a semana de aniversário de Porto Alegre, em março. Os quatro espetáculos, Um Fascista no Divã; Sobrevivo: Antes Que o Baile Acabe; Sobrevida; e Fica, Vai Ter Bolo, receberiam uma ajuda de custo para retornar aos palcos em uma nova temporada, a ser exibida para os mesmos jurados. Posteriormente, seria divulgada uma nova lista de indicados.
Contudo, os grupos alegaram que, considerando que os jurados já se manifestaram publicamente sobre o ocorrido, não haveria impessoalidade no julgamento, devido à crise gerada. Em entrevista a GZH, Jaques Machado, diretor do espetáculo Sobrevida, ressaltou ainda que os coletivos não querem que os outros 10 indicados sejam prejudicados. Portanto, mesmo com a possibilidade de avaliação por uma nova comissão, quatro trabalhos seriam assistidos por esta e os outros 10 pela comissão atual, o que não permitiria um julgamento justo e equiparado. Alexandre Dill, diretor do GrupoJogo, responsável por Um Fascista no Divã, também considera que não seria justo somente os quatro grupos apresentarem uma nova temporada e receberem auxílio financeiro.
A proposição feita pelos grupos foi a de prorrogar o prêmio para o próximo ano, formando uma nova comissão, com apresentações dos espetáculos de todos os grupos novamente em janeiro, em um teatro cedido pela secretaria, com todos recebendo ajuda de custo e tendo as mesmas condições de serem avaliados e julgados.
— Tudo teria de ser avaliado de novo, como em qualquer edital público, quando se suspende uma licitação e todo mundo concorre novamente — defendeu Dill.
Contudo, conforme Machado, ainda há detalhes que precisam ser pensados, como a realização dos espetáculos em pleno verão, quando as temperaturas ficam mais altas, visto que alguns teatros municipais não possuem ar-condicionado.
Além disso, os grupos expuseram a insatisfação com a organização do prêmio e propuseram soluções para a próxima edição.
— A gente tentou levantar ideias junto com eles, de debates, e no final se fez uma sequência muito propositiva, ressaltando que, para o ano que vem, já deveria ter edital lançado, para que não aconteça como aconteceu este ano, de ter que ser de julho a outubro, e para que os espetáculos que estreiam agora no Porto Verão Alegre possam já concorrer. Foi tudo colocado, e com mais rigor e organização em um edital próximo — acrescentou Machado.
Os quatro coletivos desclassificados destacaram ainda a necessidade de convocar todos os grupos inscritos para o debate.
— É importante, antes da secretaria tomar qualquer decisão, seja para os quatro ou para todos os espetáculos, que chame os representantes de todos, que têm de estar por dentro desse processo também, principalmente se for suspender, passar para março, cancelar ou todos se apresentarem — pontuou Machado.
O diretor do GrupoJogo ressaltou que essa é uma tentativa de negociar antes de levar o caso a meios judiciais. Uma advogada contratada pelo grupo acompanhou a reunião, apontando as irregularidades constatadas no edital.
Conforme Dill, se o recurso não for atendido, o grupo entrará com um mandado de segurança para anular o edital temporariamente, até que as irregularidades sejam avaliadas dentro de um processo técnico. O diretor destacou que sabe que o processo ainda irá demorar, mas tem esperanças de que o impasse seja resolvido. Caso o mandado ainda não resolva a situação, o grupo entrará com um processo judicial contra o município pelo descumprimento das regras do edital.
— É preciso que tenha transparência de todo esse processo, o erro já foi apontado — afirmou. — Foi uma reunião bem difícil, exaustiva, a gente está meio exausto de tudo isso, a gente precisa de uma posição.
A secretaria ficou encarregada de avaliar juridicamente, junto à Procuradoria-Geral do Município (PGM), qual possibilidade é viável, e responder aos quatro recursos feitos pelos grupos, que solicita a anulação da categoria de Teatro Adulto, pedido que foi prorrogado e deveria ser respondido até esta sexta-feira (18). Conforme informado pelos grupos a GZH, ficou acordado que, até a próxima semana, as respostas serão divulgadas; além disso, uma reunião com todos os grupos será convocada até o final do mês, período limite também para a divulgação de uma decisão.
O coordenador de Artes Cênicas da SMCEC, Jessé Oliveira, disse que ele e o secretário, Gunter Axt, irão se reunir com a PGM.
— Acho que para darmos alguma posição mais detalhada, somente no início da semana — prometeu Oliveira.
GZH tenta contato com a SMCEC.