O bailarino e coreógrafo gaúcho Rubens Barbot morreu na quarta-feira (27), aos 72 anos, no Rio de Janeiro, onde mantinha a Companhia Rubens Barbot Teatro de Dança, considerada a primeira companhia negra de dança contemporânea do Brasil. Conforme o g1, o artista estava internado no Hospital Municipal Souza Aguiar e a causa da morte não foi revelada.
Nascido em Jaguarão e criado em Rio Grande, Rubens Barbosa dos Santos, seu nome de registro, iniciou seus estudos de dança em Porto Alegre, com João Luiz Rolla, em 1967. Dois anos mais tarde, ele recebeu um convite do bailarino Tony Abbott e foi para a Escola de Ballet contemporâneo de Buenos Aires, onde fazia aulas e auxiliava na confecção de figurinos.
Barbot foi para o Rio de Janeiro ainda na década de 1980, cidade na qual se radicou e onde consolidou o seu trabalho. Nos primeiros anos, o artista gaúcho apresentou-se em carreira solo, até 20 de agosto de 1990, quando iniciou a Rubens Barbot Teatro de Dança, companhia formada por bailarinos, músicos e atores negros. Ao mesmo tempo em que trabalhou na idealização e montagem das apresentações, Barbot realizou também pesquisas permanentes analisando gestos, movimentos e imagens dos corpos afrobrasileiros, que se tornaram o centro da linguagem dos espetáculos dele.
Logo nos primeiros anos, o grupo começou a ganhar destaque no cenário nacional e internacional. Em 1993, com o trabalho Três Estudos Coreográficos, a companhia faturou dois dos mais importantes prêmios do Festival Internacional de Corrientes, na Argentina, os de Melhor Espetáculo e Melhor Companhia. O conjunto também recebeu prêmios do Ministério da Cultura, por meio da Funarte, e se apresentou em palcos importantes pelo mundo, passando por cidades da Europa como Lyon, Munique e Frankfurt.
Ao todo, a Rubens Barbot Teatro de Dança apresentou mais de 20 espetáculos diferentes. Ao longo da carreira, além da preocupação com a linguagem corporal do negro brasileiro, ele incorporou às temáticas das apresentações um tom mais social, em que o Brasil, a sociedade e a cultura tornam-se ainda mais presentes no enredo.
O artista ainda foi personagem do documentário Esse Amor que nos Consome, com direção de Allan Ribeiro, premiado com Melhor Direção de Arte e Melhor Montagem no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. O filme apresenta a relação de Barbot com o produtor Gato Larssen em um período de mudança da companhia para uma nova sede.
Barbot foi velado na quinta-feira (28) no Museu da História e Cultura Afro-Brasileira e o sepultamento foi no Cemitério São Francisco de Paula, no bairro Catumbi.