Após ser forçado a cancelar sua edição no ano passado, o Palco Giratório Sesc-RS retorna em 2021 com uma nova proposta. Marcado para o período de 30 de setembro a 16 de outubro, o tradicional evento de artes cênicas do Rio Grande do Sul ocorre de maneira virtual e gratuita, recuperando espetáculos que haviam sido confirmados em 2020. Além disso, conta com algumas apresentações presenciais em pontos de Porto Alegre.
Entre os destaques da programação digital, está o elogiado espetáculo Vaga Carne (30/9), com texto e atuação da artista mineira Grace Passô, no qual uma voz invade o corpo de uma mulher e passa a sondar o que significa ser um sujeito. O público da Capital teve a oportunidade de assistir a esse trabalho em 2016, no Porto Alegre em Cena. Outra atração nacional é Kintsugi, 100 Memórias (6/10), no qual o grupo paulista Lume Teatro apresenta uma reflexão sobre o ato de lembrar.
— A perspectiva é trazer a memória do corpo, do ator, da história para o palco. Não é uma fábula com início, meio e fim — explica a organizadora do Palco Giratório, Jane Schoninger.
Entre as produções gaúchas, está o projeto Transit, realizado anualmente em parceria com o Instituto Goethe de Porto Alegre, sempre trazendo duas montagens locais de um mesmo texto de autor de língua alemã. A dramaturga escolhida para este ano foi a alemã Caren Jeß, que inspirou os espetáculos Bookpink – O Livro dos Pássaros (12/10), com direção de Liliane Pereira, e Tentilhão (13/10), de Thiago Silva.
Jane chama a atenção para outras atrações locais, como Ícaro (15/10), solo com Luciano Mallmann e direção de Liane Venturella com depoimentos ficcionais de pessoas cadeirantes, e a adaptação infantojuvenil shakespeariana Macbeth e o Reino Sombrio: Shakespeare para Crianças (5/10), do Coletivo Órbita.
A programação online ainda é fruto do trabalho de 2020. No ano passado, o Palco Giratório estava previsto para ocorrer em maio, com mais de cem sessões e cerca de 40 grupos. Dois meses antes da realização do evento, a covid-19 chegou ao Brasil. Sem dar tempo para Jane buscar uma alternativa, o festival foi cancelado.
Dezessete atrações que estavam previstas à época marcam presença nesta edição de 2021. Elas haviam sido selecionadas por uma curadoria nacional, da qual Jane faz parte, e agora serão transmitidas pelo canal do Sesc Brasil no YouTube, diretamente do Estado do qual cada grupo é originário.
Público
Mesmo com as mudanças ocasionadas pela crise sanitária, Jane garante: todos os detalhes do evento, desde o formato até a curadoria, fazem parte de uma estratégia que visa mobilizar o público.
— Não estamos trabalhando apenas com a ideia de que “vamos disponibilizar o link das apresentações e fazer as divulgações”. Estamos em contato com instituições, escolas, público, nesse movimento de trazer as pessoas para a cena de teatro no meio virtual — afirma.
Também haverá atrações presenciais. O grupo De Pernas pro Ar (RS) levará o espetáculo-instalação Automákina – Universo Deslizante (30/9) ao Parque da Redenção. Depois, a Ponte dos Açorianos recebe a performance Ritual de Sobrevivência Urbana (7/10), do Coletivo Ecopoética (RS). Por fim, o Espelho d’Água da Redenção será palco da apresentação A Piscina (10 e 16/10), da Geda Cia. de Dança (RS). Entretanto, nenhum destes terá o horário divulgado antecipadamente, a fim de evitar aglomerações.
Quem quiser participar de um projeto presencial pode desfrutar a experiência programada para ocorrer no Complexo Fecomércio Sesc/Senac (Rua Fecomércio, s/nº). Lá será possível conferir a instalação Edifício Cristal (de 30/9 a 8/10, exceto no fim de semana), da Cia. Incomode-Te, no qual os visitantes podem ver uma cristaleira cujos nichos representam apartamentos com histórias ambientadas durante a pandemia (para conferir a atração, é preciso agendar pelo e-mail palcogiratoriosesc@sesc-rs.com.br).
Por fim, o festival conta com 14 atividades formativas, envolvendo debates e palestras, com artistas do Brasil inteiro. As inscrições para essas atividades devem ser feitas pelo site, onde também pode ser consultada a programação completa de espetáculos.
Descentralizando a cultura, as atividades presenciais do Palco Giratório ainda vão seguir, em novembro, para o interior do Rio Grande do Sul. Alegrete, Camaquã, Canoas, Caxias do Sul, Ijuí, Montenegro, Novo Hamburgo, Passo Fundo, Santa Rosa e São Leopoldo são as cidades que serão contempladas no projeto.