Atriz de destacada atuação no Estado, Liane Venturella estreia nesta sexta-feira (18) seu primeiro espetáculo solo. Transmitida pela internet, Derrota é uma montagem da diretora Camila Bauer para o texto do dramaturgo grego contemporâneo Dimítris Dimitriádis.
As sessões, de 30 minutos, são sextas e sábados, às 20h, e terças, às 23h59min, até dia 29. O link será enviado após compra de ingressos a R$ 10 (mais taxa de R$ 1,75) em entreatosdivulga.com.br/derrota.
Há quatro décadas você tem conquistado prêmios e elogios como atriz e diretora. Como surgiu esse primeiro solo?
Nunca desejei ou procurei um trabalho solo. Contracenar, criar e estar em grupo segue sendo meu norte no teatro. Nossa arte é essencialmente presencial, processo e apresentações. No ano passado, muitos artistas de teatro ficaram perdidos. Eu fiquei. Ainda estou, mas buscando sempre. O convite da Camila Bauer foi um resgate, um não desistir. Um texto brilhante e uma possibilidade de experimentação com o que nos dá prazer, o trabalho do ator.
Quem é a personagem que você interpreta? E o que lhe chamou a atenção na dramaturgia de Dimitriádis, autor ainda pouco conhecido no Brasil, já encenado por Luciano Alabarse e Margarida Peixoto?
A personagem é uma pessoa que não consegue dormir. E fala diretamente para a pessoa que está assistindo, e só com ela, sobre seu desejo em se entregar ao sono e sobre algo que descobriu. O texto é brilhante pela sua informalidade e profundidade. A busca pelas palavras exatas e a melhor forma de falar sobre uma descoberta te colocam dentro de um raciocínio vertiginoso.
Derrota é o encontro da Cia. Incomode-Te com o Projeto Gompa. Como foi trabalhar com a diretora Camila Bauer, do Gompa?
Nós já havíamos trabalhado juntas em Inimigos na Casa de Bonecas (em 2018) que, de uma certa forma, era um projeto Gompa com parte da equipe da Incomode-Te. A arte nos últimos anos vem sofrendo retaliações violentas, estar cada vez mais próximos e unindo forças é só o que poderá nos salvar. A ideia de formalizar esse encontro veio da produção da Letícia Vieira. Esse encontro é nossa vontade de permanecer e nos fortalecer. A direção da Camila é tudo o que eu respeito e busco: troca e escuta.
O material de divulgação informa que Derrota desenvolve uma nova linguagem. Qual?
Derrota é um acontecimento, feito por pessoas de teatro, sem utilizar a linguagem cênica e sem tentar fazer cinema. Estamos trabalhando com as qualidades da linguagem oferecida, evitando suas limitações; som, imagem e luz são perfeitas. O texto nos seduziu pela sua genialidade e também por sua adequação ao formato virtual. Derrota é uma conversa muito próxima com alguém e encená-lo em um palco seria muito difícil.