Neste domingo, às 18h, a Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa) subirá ao palco do Auditório Araújo Vianna para apresentar o concerto Música de Games. Adaptações das trilhas de consagrados jogos estarão dispostas em ordem cronológica para contar a evolução dessa mídia. Regido pelo maestro Evandro Matté, o espetáculo contará com a música de Pac-Man (1980), percorrerá Castlevania (1986), Street Fighter II (1991) e será encerrado com jogos mais atuais, como Dota 2 (2013) e The Last of Us (2014).
– Começamos com o primeiro som que foi colocado em um game, o Pong (1972). A partir daí, é impressionante a evolução. Nos jogos atuais, há composições específicas para os games – explica Matté, esclarecendo que a Ospa tem como premissa ser flexível na escolha de repertório para os concertos.
A curadoria do programa foi realizada pelo músico Ricardo Gottardo e pelo maestro Gilberto Salvagni, que assina a direção musical. Em 2012, eles haviam produzido um concerto com o mesmo tema, que rendeu uma pesquisa aprofundada sobre as composições de videogames.
– Os arranjos mais difíceis de criar são os das músicas mais antigas. Na época, muitas das trilhas eram produzidas pelos próprios programadores – esclarece Salvagni, acrescentando que God of War (2005) pode ser visto como um jogo que revolucionou as músicas de games, pois se valeu de uma equipe especializada.
Durante o concerto, dois telões exibirão imagens e informações que complementam o show. Participam do espetáculo ainda os solistas Tita Sachet (canto), Michael Polchowicz (canto) e Marcos de Ros (guitarra).
Concertos temáticos despertam interesse
Esse não é o primeiro concerto dedicado à música fora do eixo clássico que a Ospa organiza. No ano passado, por exemplo, a Sinfônica realizou os espetáculos Música Instrumental Gaúcha e Música de Cinema. E há pouco mais de seis meses organizou o concerto Mundo Geek. Foi um sucesso. Uma hora antes do evento, os ingressos estavam esgotados. Com o Salão de Atos da UFRGS lotado, o maestro Arthur Barbosa apresentou trilhas de filmes e séries pop, como Harry Potter e Game of Thrones.
Barbosa, que já esteve à frente de outras orquestras do Brasil, explica que desde a década de 1970 o mundo experimenta a mescla do clássico com o pop. Atualmente, ele estima que, no país, de 10% a 20% das temporadas anuais são compostas por concertos temáticos como esses.
– Estamos em um momento em que questionamos a orquestra estática. Muitas orquestras estão buscando performances diferentes para chamar o público. Tem que ter coisas novas para as pessoas quererem sair de casa para assistir a um concerto – aponta Barbosa.
Já a professora Adriana Amaral, coordenadora do grupo de pesquisa CultPop, na Unisinos, esclarece que o público geek é engajado. Prova disso é a escolha de um espaço como o Araújo Vianna, que comporta 3 mil espectadores, para a realização do espetáculo.
– Os concertos com tema pop atraem um público com maior poder aquisitivo. Junto a isso se liga a vontade de participar de coisas diferentes – explica Adriana.