O espetáculo multimídia Revolução Farroupilha, uma História de Sangue e Metal estreou na noite desta sexta-feira (30/11) em um palco montado na Orla Moacyr Scliar, à beira do Guaíba, em Porto Alegre. Haverá novas sessões no sábado (1º/12) e domingo (2/12), sempre às 20h, com entrada franca (em caso de chuva forte, a sessão será cancelada).
Projeto vencedor de um edital da Câmara de Vereadores em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura, a montagem com direção-geral de Clóvis Rocha reuniu um grupo heterogêneo de artistas das áreas de teatro, dança, circo e música para recontar o episódio histórico que entrou para o imaginário do Rio Grande do Sul. A dramaturgia foi adaptada do livro Revolução Farroupilha, de Luiz Coronel, com ilustrações de Danúbio Gonçalves, conforme exigência do edital de R$ 350 mil, marcado por polêmicas no meio cultural.
A aposentada Victoria Minotti, 62 anos, estava entre os espectadores que aguardavam o início da atração. Ela foi acompanhada da amiga Maria Helena Trindade, 50, que por sua vez levou o cão de estimação Teco.
— Vai ser uma coisa boa relembrar os fatos históricos. Vamos torcer para que tenha mais seguido esse tipo de apresentação — disse Victoria.
Maria Helena aproveitou para elogiar a Orla:
— Aqui é um ótimo local, está maravilhoso.
Já a professora aposentada Sônia Maria Fernandes da Silva, 67, e seu marido, o comerciante Carlos Wilson Amorim da Silva, 70, tiveram um motivo especial para comparecer: eles são pais de uma bailarina do Grupo Andanças, que integra o núcleo folclórico do espetáculo.
— O tema é muito interessante, e, da maneira que será apresentado, será diferente. Que eu tenha conhecimento, ainda não foi feito nada igual — disse Sônia.
O público reduzido foi ganhando corpo com o início da sessão, às 20h25min. Os espectadores assistiram em pé, sentados no chão, na arquibancada da nova orla ou em cadeiras de praia que trouxeram. Os convidados da produção foram acomodados em uma área reservada perto do palco, com cadeiras de plástico.
Enquanto se apresentavam os diferentes núcleos artísticos, acompanhados de uma banda ao vivo ou de música gravada, alternadamente, um telão ilustrava as cenas com obras de Danúbio Gonçalves, imagens e fotos. A ideia de uma "ópera-rock", debatida durante o período de abertura do edital, deu lugar ao conceito de um espetáculo musical, com trilha eclética assinada por João Maldonado.
Os mestres de cerimônia foram o ator Rossendo Rodrigues e a atriz e cantora Valéria Houston, que narraram os episódios representados ou coreografados no palco. Um dos momentos mais intensos emocionalmente foi a cena dirigida por Jessé Oliveira que representou o Massacre de Porongos, na qual atores negros bradaram uma versão diferente do Hino Rio-Grandense: "Povo que é lança e virtude / A clava quer ver escravo".
Outro momento que empolgou o público foi a música Origens, tema do programa Galpão Crioulo, entoado por Ernesto Fagundes, a penúltima atração da montagem, que foi encerrada com o jovem guitarrista Erick Endres tocando o Hino Rio-Grandense em alusão à versão de Jimi Hendrix para o hino dos Estados Unidos.