Depois de muita polêmica, estreia nesta sexta-feira (30/11) o espetáculo Revolução Farroupilha, uma História de Sangue e Metal, projeto vencedor do edital da Câmara de Vereadores, em parceria com a Secretaria de Cultura de Porto Alegre, que ofereceu R$ 350 mil de verba da Câmara. As sessões, gratuitas, serão desta sexta (30/11) a domingo (2/12), sempre às 20h, em um palco erguido na Orla Moacyr Scliar, perto da Usina do Gasômetro.
Desde seu lançamento, em julho, o edital foi objeto de intenso debate no meio cultural. Uma das críticas voltou-se à concentração do montante vultoso em um único projeto, em meio à escassez de financiamento público à cultura. Também foi objeto de discussão o fato de o edital determinar o livro no qual o espetáculo deveria ser baseado: Revolução Farroupilha (2015), de Luiz Coronel, com ilustrações de Danúbio Gonçalves. Chamou atenção, por fim, o tempo exíguo de execução para um espetáculo desse porte: dois meses entre a divulgação do resultado e a estreia.
Para dar conta do prazo, o diretor-geral do espetáculo, Clóvis Rocha, orientou diretores de blocos narrativos, que ensaiaram separadamente a partir da dramaturgia de Jorge Rein baseada no livro. Serão 110 profissionais na produção.
Revolução Farroupilha não foi construída como ópera-rock, mas como espetáculo multimídia, unindo núcleos de teatro (dirigido por Jessé Oliveira), circo (Dilmar Messias), danças urbana e contemporânea (Carini Pereira e Gustavo Silva) e folclore gaúcho (Claudia Dutra, com o Grupo Andanças). A ação começará com os bailarinos Didi Pedone e Mariano Neto. Ficarão a cargo de Valéria Houston e de Rossendo Rodrigues os papéis de narradores – ela como o ideal da revolução, e ele, o pajador.
Trilha sonora será eclética
O espetáculo apresenta as ideias que permearam a Revolução Farroupilha, destacando seu legado para a constituição da identidade do gaúcho e aludindo também ao Massacre de Porongos, encenado por Jessé Oliveira, referência na cena de artistas negros. Rocha observa:
– Devemos levar em conta o que foi construído a partir da ideia do gaúcho, seu pertencimento e a valorização de uma tradição. Temos a criação de um mito que é maior do que as reduções que são feitas sobre esse período histórico.
Coube a João Maldonado a criação de uma trilha eclética, passando por rock, minimalismo, música regional, percussão africana e eletrônica, com participações de Ernesto e Paulinho Fagundes e do jovem guitarrista Erick Endres.
O edital previa 10 sessões em escolas da rede municipal, que foram substituídas por duas sessões no Theatro São Pedro no dia 18 de dezembro voltadas a 20 escolas, contando com ônibus e lanche. A assessoria da Câmara Municipal informa que há a intenção de repetir o projeto nos próximos anos, mantendo a ideia de financiar um espetáculo cultural baseado na história de Porto Alegre.
REVOLUÇÃO FARROUPILHA, UMA HISTÓRIA DE SANGUE E METAL
Desta sexta-feira (30/11) a domingo (2/12), às 20h.
Duração: 1h10min. Classificação: livre.
Orla Moacyr Scliar (Av. Edvaldo Pereira Paiva, s/nº), perto da Usina do Gasômetro, em Porto Alegre.
Entrada gratuita. Em caso de chuva forte, a sessão será cancelada.