Se estivesse vivo, Caio Fernando Abreu, que morreu em fevereiro de 1996, aos 47 anos, completaria 69 anos no próximo dia 12. O escritor, entretanto, nunca foi muito fã do Parabéns a Você. "Porque aniversário é sempre deprimente, a gente sente que cada vez o tempo que resta fica mais e mais escasso", afirmou o gaúcho natural de Santiago em 19 de setembro de 1969, sete dias após completar 21 anos, em uma carta para os pais escrita na Casa do Sol, na fazenda da poeta Hilda Hilst, a 11 km de Campinas (SP).
Já os amigos e familiares de Caio F., como o artista costumava assinar as suas correspondências, fazem questão de celebrar, impreterivelmente, o dia de nascimento do escritor. A festa deste ano se iniciará nesta quinta-feira com um espetáculo no Theatro São Pedro para lançar o Festival Caio Entre Nós, a ser realizado entre os dias 27 de setembro e 3 de outubro em vários espaços culturais de Porto Alegre (confira a programação completa abaixo).
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O projeto é uma iniciativa do diretor Luís Artur Nunes, do ator Marcos Breda e da produtora Ivana Dalle. A reunião contará com leituras, interpretações musicais e dramatizações, com a presença da atriz Júlia Lemmertz como uma das apresentadoras.
Estão previstas performances de Roberto Camargo, Breda, Renato Del Campão, com o Cabaret do Caio, Valéria Houston e Deborah Finocchiaro, além de uma cena da peça Sarau das 9 às 11, que será lida por integrantes do Grupo Província de 1976. Luciano Alabarse, Lígia Sávio e Lya Luft farão leituras de cartas de Caio, e a astróloga Amanda Costa falará sobre o mapa astral do escritor. O encontro terá ainda a participação dos músicos Arthur de Faria, Thedy Corrêa, Antonio Villeroy e da cantora Ana Lonardi.
– O espetáculo é uma reunião de pessoas que foram amigas, que trabalharam com o Caio ou que o admiram. Cada pessoa ou grupo vai apresentar um número. É uma colagem, um sarau – afirma Luís Artur. – É uma noitada Caio Fernando Abreu.
A homenagem se justifica não só pelo carinho dos mais próximos, mas principalmente porque Caio, passadas mais de duas décadas de sua morte, é um fenômeno pop, com grande repercussão nas redes sociais e entre o público jovem.
– Não tem muita explicação. Parece que ele toca num determinado tipo de sensibilidade, de fibra, que ainda está muito viva e palpitante atualmente, inclusive para a juventude. É uma sensibilidade universal, muito urbana, sobre as angústias, frustrações e aspirações do homem contemporâneo – opina Luís Artur, 71 anos, que conheceu Caio quando os dois eram adolescentes na Capital.
Breda acredita que o sucesso do autor de Morangos Mofados tem a ver com o que o ator chama de "marginalidade de Caio, de falar de coisas que não têm a ver com o mainstream".
– Ele trata dos marginais, dos excluídos, dos gauches na vida – explica o intérprete de 56 anos, que conviveu com o escritor por 21. – Caio fala das esquinas, das madrugadas, daquilo que não é necessariamente o bom mocismo. Isso encanta adolescentes e rebeldes de todas as idades.
Até o próximo dia 21, o público poderá contribuir para a campanha de crowdfunding para a realização do festival. Entre as recompensas estão ingressos para as atividades pagas do evento, recital com Luís Artur e Breda e um Tour Caio Entre Nós por diversos locais da cidade que marcaram a vida do escritor.
Para colaborar com o crowdfunding do projeto, acesse catarse.me/caioentrenos
FESTA DE LANÇAMENTO FESTIVAL CAIO ENTRE NÓS
Quinta-feira (7/9), às 21h.
Theatro São Pedro (Praça Marechal Deodoro, s/nº)
Ingressos: R$ 10 a R$ 40, na bilheteria do teatro. Online: vendas.teatrosaopedro.com.br/festival-caio-entre-nos-07
Programação completa
MOSTRA DE TEATRO – SESC
Ingressos antecipados à venda na Aldeia (Rua Santana, 252) até o dia 25/9.
27/9, às 20h - O Tempo É Só uma Questão de Cor (RJ), com Mauricio Silveira e direção de Antônio Gilberto. Em pré-estreia, o espetáculo apresenta contos, crônicas e fragmentos de textos de Caio.
28/9, às 20h - Leitura dramatizada multimídia O Homem e a Mancha: 20 Anos-Luz (RJ), com Marcos Breda e Luís Artur Nunes. O espetáculo propõe uma nova forma de teatralizar a última peça escrita por Caio.
29/9, às 20h - No se Puede Vivir sin Amor (RJ), com Nara Keiserman e direção de Demetrio Ribeiro. A peça é uma colagem de textos de Caio que inclui, entre outros, um poema e duas cartas inéditas.
30/9, às 20h - Caio do Céu (POA), com Deborah Finocchiaro e Fernando Sessé. A peça transpõe o universo do autor para o palco por meio de crônicas, cartas, contos, poemas, textos teatrais, depoimentos, música ao vivo e projeções.
MOSTRA DE CINEMA – Cine Santander Cultural (entrada franca)
1º/10 – DOMINGO
- 14h: Exibição do filme Sargento Garcia, com Marcos Breda e direção de Tutti Gregianin.
- 14h20: Exibição do filme Aqueles Dois, de Sérgio Amon.
- 16h: Bate-papo com os cineastas Tutti Gregianin (Sargento Garcia) e Fabiano de Souza (autor do livro Caio Fernando Abreu e o Cinema).
LEITURA DRAMATIZADA E MESAS-REDONDAS – Multipalco Theatro São Pedro (entrada franca)
1º/10 (domingo) – Sala de Música
-18h30: Leitura dramatizada: A Comunidade do Arco-Íris, única peça infantil de Caio Fernando Abreu. Direção de Suzana Saldanha.
-19h30: Mesa-redonda: "Caio F. Entre o Palco e as Estrelas". Participantes: Marcos Breda, Luís Artur Nunes e Amanda Costa. Mediador: Israel Fristch de Castro.
2/10 (segunda)
- 19h: Mesa-redonda: "Caio F. Abreu Contista / Caio F. Abreu Romancista". Participantes: Luís Augusto Fischer e Homero Araújo. Mediador: Luís Francisco Wasilewski.
- 20h30: Mesa-redonda: "Questões em Caio F. Abreu: o Humor, a Autoficção e a Tradução". Participantes: Luís Francisco Wasilewski, Israel Fristsch de Castro e Ed Moreno. Mediador: Marcos Breda.
3/10 (terça)
- 19h30: Mesa-redonda: "Caio F. Abreu: Ficção, Drama e Memórias". Participantes: Regina Zilberman, Maria da Glória Bordini e Márcia Ivana de Lima e Silva. Mediador: Luís Artur Nunes.
