A curtíssima temporada, desta sexta (21/4) a domingo (23/4), no Theatro São Pedro, marca um reencontro do público porto-alegrense com o primeiro e mais querido espetáculo do Grupo Tholl, não por acaso aquele que deu nome à companhia: Tholl, Imagem e Sonho. Mas, para a trupe pelotense, a magia nunca deixou de estar presente. Mesmo com outros trabalhos montados, este jamais saiu de repertório. E lá se vão 15 anos desde a estreia no Theatro Sete de Abril. No próximo dia 15 de novembro, data redondinha da comemoração, haverá uma sessão especial em Pelotas, cidade de tradição histórica e cultural onde o Tholl finca cada vez mais suas raízes. Mas de olho no mundo.
Quem se encantou poderá sentir o mesmo de novo, pois a versão do espetáculo que retorna à Capital chega renovada. Cabeça e coração do grupo, o diretor João Bachilli calcula que esta seja a quarta mudança de figurino. E algumas cenas sofreram alterações.
Como o espetáculo, o grupo também se transformou. Do elenco original de Tholl, Imagem e Sonho resta apenas Ricardo Bach, 24 anos, que tinha nove na época. Entre os números dos quais participa, um segue igual, ou quase igual: aquele em que se equilibra sobre uma bola e que acabou permanecendo na memória dos espectadores.
Se o primeiro trabalho está debutando, a história do grupo é bem mais antiga. Começou em 1987, quando Bachilli criou a Oficina Permanente de Técnicas Circenses, que ainda é a razão social do grupo. Egresso do Teatro Escola de Pelotas, o diretor estava entediado com a arte dramática e resolveu buscar "mais adrenalina". Com o conhecimento adquirido em seus anos de formação e a paixão pelo circo que vinha desde criança, começou a treinar artistas praticamente do zero. As primeiras apresentações foram de pés descalços e vestidos com malhas "horrorosas", segundo ele.
– Eu sabia o que queria, pois a ideia estava na minha cabeça desde pequeno. Então, resolvi arriscar. No início, eu era o louco que as pessoas achavam que não ia conseguir. Hoje, o Tholl tem expressão nacional na arte circense – lembra Bachilli, em uma conversa alimentada por doces típicos na sede do grupo, em Pelotas, onde recebeu a reportagem de Zero Hora.
Em sua trajetória de cores, luzes e plumas, a trupe conquistou fãs, mais do que simples espectadores. Quem conta é Sandra Jorge, assistente de direção e uma dos fundadores do grupo:
– No Theatro São Pedro, em Porto Alegre, os espectadores vinham com camisetas do Tholl. Certa vez, no Tocantins, o público foi assistir ao espetáculo maquiado como os personagens.
Talvez um dos segredos do Tholl seja o fato de os integrantes se considerarem parte de uma família, expressão que assume um significado literal para Sandra: ela é mãe de quatro artistas que fazem ou fizeram parte do elenco (entre eles, Ricardo). Como em qualquer família, os problemas existem, mas ela afirma que tudo é resolvido no diálogo. Sobre o irresistível poder de atração da trupe, Sandra garante à equipe da reportagem:
– O João contagia. Se vocês ficarem dois dias aqui, desistirão de suas profissões e entrarão para o circo.
É ponto pacífico nos bastidores que Tholl, Imagem e Sonho é o "carro-chefe" do grupo. Sandra concorda que o espetáculo "mexe com a emoção das pessoas". Alguns dos atuais integrantes inclusive decidiram entrar no grupo porque haviam se apaixonado, como espectadores, por este trabalho. De sua parte, Bachilli considera "politicagem" o costume difundido entre artistas de dizer que admiram igualmente as obras que criaram. Para o diretor do Tholl, sempre se sabe qual é o trabalho preferido. Adivinhou qual é o dele?
– Gosto de Cirquin, que é o mais recente – revela sem constrangimento.
Veja fotos de um dos ensaios para o espetáculo, realizado no centro de treinamento do Tholl, em Pelotas:
THOLL, IMAGEM E SONHO – 15 ANOS
Nesta sexta (21/4) e sábado (22/4), às 21h, e domingo (23/4), às 18h.
Theatro São Pedro (Praça Marechal Deodoro, s/nº), fone (51) 3227-5100, em Porto Alegre.
Ingressos: R$ 50 (galerias), R$ 80 (camarote lateral), R$ 90 (camarote central) e R$ 100 (plateia e cadeira extra).
Desconto de 50% para sócio do Clube do Assinante e um acompanhante.
O espetáculo: o grupo Tholl, de Pelotas, retorna a Porto Alegre com seu primeiro espetáculo, estreado há 15 anos. Esta é uma nova versão do trabalho, com figurinos e números modificados.