A realidade da comunidade transexual no Brasil é tema de discussão em espetáculos apresentados na 11ª edição do Palco Giratório, que começou no dia 4 e vai até o dia 25 de maio. Peças como Adaptação e BR-Trans, entre outras, propõem reflexões distintas sobre sexualidade e identidade de gênero. De acordo com Jane Schoninger, coordenadora do evento, o assunto surge mais por um reflexo do que vem acontecendo na sociedade do que por uma questão pontual de curadoria aplicada no festival.
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– Esse olhar na questão de gênero é latente na nossa sociedade. Obviamente, o teatro, assim como outras formas de arte, apresenta isso também. Este tema surge entre outros desenhados na programação. Queríamos que ficasse evidente a preocupação da curadoria em possibilitar a manifestação destas vozes – afirma Jane.
Em Adaptação, o brasiliense Gabriel F. Calonge reflete sobre diferentes formas de adaptação ao viver uma personagem transexual que, em busca do sonho de ser atriz, muda-se do interior para a cidade grande. Segundo o ator, diretor e dramaturgo, a ideia de que a personagem fosse trans surgiu durante o processo de criação do espetáculo.
– Não quis soar panfletário ou político ao falar no assunto no espetáculo. Procurei uma abordagem sutil que naturalizasse as questões existenciais humanas e universalizasse os sentimentos – afirma Calonge.
Já na peça BR-Trans, dirigida pela gaúcha Jezebel De Carli, o ator e dramaturgo cearense Silvero Pereira apresenta o produto de uma pesquisa de campo entre homossexuais, transexuais e travestis de Porto Alegre, Fortaleza e outras cidades brasileiras. Na Capital Gaúcha, Pereira recolheu relatos no Presídio Central, na Avenida Farrapos e no ambiente acadêmico. O espetáculo mostra o relato dramático das histórias de vida registradas.
– Falamos de diversidade, não só de identidade de gênero. Exploramos outros espaços e outras possibilidades de busca da felicidade fora da sociedade hétero-normativa. Ideias fundamentais para o momento em que vivemos – afirma Jezebel.
Discussão para além dos palcos
Além das peças, o Palco Giratório também contará com uma série de mesas redondas nas quais o público poderá conversar com alguns dos dramaturgos envolvidos no evento. Uma das discussões, intitulada Trans versões – Questões de gênero, discutirá a ressonância de temáticas de gênero e sexualidade no teatro contemporâneo.
Comporão a mesa Felipe Matzembacher, Silvero Pereira e Guacira Lopes Louro. A conversa ocorre no dia 9/5 das 14h às 17h no Teatro de Arena (Av. Borges de Medeiros, 835)
BR-TRANS
Coletivo Artístico As Travestidas (CE)
Dias 11 e 12/05 às 19h
No Teatro do Sesc Centro (Av. Alberto Bins, 665), fone (51) 3284-2000, em Porto Alegre
Classificação: 16 anos
Ingressos: R$ 10 comerciários e dependentes com Cartão Sesc/Senac, estudantes, classe artística e idosos (mediante identificação formal); R$ 15 empresários e dependentes com Cartão Sesc/Senac; e R$ 20 para o público em geral.
ADAPTAÇÃO
Teatro de Açúcar (DF)
10/05 às 20h
Na Sala Álvaro Moreyra (Av. Erico Verissimo, 307), fone (51) 3289-8066, em Porto Alegre
Classificação: 10 anos
Ingressos: R$ 10 comerciários e dependentes com Cartão Sesc/Senac, estudantes, classe artística e idosos (mediante identificação formal); R$ 15 empresários e dependentes com Cartão Sesc/Senac; e R$ 20 para o público em geral.