O cheirinho de pipoca voltou a pairar no ar ali pelas bandas da Avenida Borges de Medeiros. No primeiro dia de funcionamento do novo Cine Victoria, nesta quinta-feira (20), o público já deu as caras, marcando presença na reabertura do histórico cinema do Centro Histórico de Porto Alegre. O filme escolhido para recepcionar o público foi o hypado Barbie — com direito a baldes personalizados na bombonière e um espaço para tirar fotos com a caixa da boneca.
Com um leque maior de opções de horários — a primeira sessão foi às 9h30min — o Cine Victoria by Cult Cinemas entregou as suas exibições iniciais para um público mais enxuto, tímido, como explicou a sócia Cristiane Brandolt, 35 anos. Porém, com o avançar da tarde, os espectadores foram engajando: na sessão das 14h30min, foram 48 pessoas presentes; às 17h, pulou para 58; já na última exibição do dia, às 19h30min, a sala acomodou 80. A capacidade máxima da única sala disponível atualmente é de 190 lugares.
A massoterapeuta Ione Barcelos, 60, foi ver Barbie acompanhada do filho Rafael Barcelos, estudante, 22. Sentada em uma poltrona mais próxima da tela, ela estava empolgada com o filme, porém ainda mais com o espaço que reabriu — ela, que mora no Centro Histórico, disse que o bairro estava desprovido de cinemas com filmes mais comerciais.
— Essa é a nossa primeira vez aqui. Estamos gostando muito. Esse, agora, é o nosso cinema. Esperamos que tenha vida longa — destaca Ione.
Já Rafael apontou os horários do espaço como um ponto positivo:
— É um grande diferencial. Essa disponibilidade de horários é um excelente fator, porque os outros não têm essa mesma flexibilidade.
Já no meio da sala, o casal formado pelo empresário Lucas Duarte, 29, e a atendente Kathrein Garcia, 31, estavam vivendo experiências distintas. Enquanto ele conhecia o espaço, ela estava revivendo memórias.
— Aqui foi o meu primeiro emprego, como atendente de bombonière. Estar voltando é demais, muito legal, porque o cinema aqui sempre teve um preço mais acessível e uma pegada mais cultural — diz Kathrein, recordando que trabalhou no espaço 14 anos atrás.
— Estou achando bem legal. É uma experiência mais familiar, não é que nem ir em um shopping. É diferente — explica Duarte.
Kathrein complementou:
— Esse cinema tem a vibe dos cinemas que aparecem nos filmes, sabe? Agora, está tudo muito gourmetizado, parece que tiraram a origem dos cinemas. Mas esse parece bem com a origem dos cinemas.
O cantor e apresentador Gildo Lemos, 43, que se deparou com a reabertura do Cine Victoria após passar na frente do espaço, não pensou duas vezes: entrou e se sentou para assistir a Barbie. De acordo com o artista, ele era um entusiasta do espaço e fez coro para evitar que ele fechasse em 2018, durante a outra gestão — a luta não deu resultado, mas o carinho pelo local permaneceu.
— Hoje, para a minha alegria, fui pego de surpresa. É um presente que eu estou ganhando de ano, de tudo. Tem que haver o cinema, é cultura. Esse cinema é histórico em Porto Alegre. Que perpetue — comenta Lemos, entusiasmado.
Positivo
Para Cristiane, que acompanhou de perto todo o funcionamento do cinema, recepcionando os clientes, colocando o filme para rodar e, ainda, coordenando toda a equipe, o resultado foi muito positivo. Ela espera que, com o boca a boca e uma maior divulgação dos horários do Cine Victoria by Cult Cinemas, o público venha em ainda maior número para o espaço — a programação pode ser conferida nas redes sociais do empreendimento.
— O pessoal começou a vir mais na parte da tarde. E foi um dia de muitas perguntas. Mas o pessoal está se acostumando ainda e, com o tempo, vai se engajar cada vez mais. Faz dois dias que a gente anunciou e já tem 80 pessoas na sessão das 19h30min. Está massa e amanhã e sábado a tendência é que siga em uma crescente — comemora Cristiane.
Já na bilheteria, um velho conhecido da casa retornou: Jonatas Duarte, que trabalhou no antigo Cine Victoria entre 2009 e 2015, atuando em todas as áreas do cinema, viu que o espaço reabriria, por meio das redes sociais, e já se ofereceu para voltar ao trabalho. A entrevista foi feita e deu match. Hoje, o sorriso estava estampado no seu rosto o tempo inteiro.
— Está sendo muito bom para mim, nostálgico. Eu sou apaixonado pelo ramo e meio suspeito para falar, mas espero que agora o Cine Victoria fique — disse o orgulhoso bilheteiro.