A Agência Nacional de Cinema (Ancine) recebeu um ofício da Aspac (Associação dos Servidores Públicos da Ancine) no qual os funcionários pedem esclarecimentos sobre a retirada de cartazes de filmes nacionais da parede da sede da instituição no Rio de Janeiro. No mesmo documento, eles questionam o cancelamento de uma exibição do filme A Vida Invisível, do diretor Karim Aïnouz.
A sessão seria realizada nesta quinta-feira (12), apenas para funcionários da agência, dentro de uma programação de exibições mensais em que são debatidas questões técnicas de gravações e outras relativas ao subsídio público a filmes nacionais.
Inscrito para a disputa do Oscar em 2020, A Vida Invisível tem Fernanda Montenegro em seu elenco. A atriz se tornou uma das vozes críticas ao governo Bolsonaro, depois que posou para a revista literária Quatro Cinco Um trajada como uma bruxa prestes a ser queimada em uma fogueira de livros. A imagem foi lida como resposta a censuras e outras ações do governo no campo da cultura.
No ofício, a Aspac diz que entre os princípios de gestão da Ancine está a "estrita observância aos princípios da atuação administrativa, dentre eles, os da impessoalidade, isonomia e interesse público".
Quanto ao cancelamento da sessão de A Vida Invisível, o documento diz que os funcionários têm "conhecimento de que todos os equipamentos do auditório estão em perfeitas condições de funcionamento". Eles também afirmam que o evento "é de suma importância para a divulgação interna de filmes realizados com recursos públicos e para a capacitação dos servidores sobre as obras que analisam".
Por meio de sua assessoria de imprensa, a agência disse que "não vai se pronunciar sobre o assunto neste momento".