O filme A Vida Invisível foi indicado para ser o representante brasileiro na categoria de Melhor Filme Internacional do Oscar de 2020. Vencedor da mostra Um Certo Olhar do Festival de Cannes, em maio passado, o longa do cearense Karim Aïnouz foi escolhido por uma comissão que analisou 12 filmes habilitados pela Academia Brasileira de Cinema.
Inspirado no livro de Martha Batalha A Vida Invisível de Eurídice Gusmão (título do filme no circuito de festivais), o longa conta a história de duas irmãs que são separadas e acabam vivendo, cada uma a sua maneira, trajetórias assoladas pelo machismo. A produção estreia em 19 de setembro nas salas do Nordeste e dia 31 de outubro nas demais regiões do país.
A Vida Invisível concorria à indicação com Bacurau, também premiado em Cannes, Los Silencios, A Voz do Silêncio, Espero Tua (Re)Volta, Simonal e os gaúchos Bio e Legalidade, entre outros filmes.
A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas alterou a denominação Melhor Filme Estrangeiro para a cerimônia do Oscar de 2020. A categoria passou a se chamar Melhor Filme Internacional. As regras da disputa exigem ser uma produção de fora dos EUA com diálogos em língua não-inglesa. A lista inicial terá 10 títulos pré-selecionados, dos quais cinco avançam para a disputa da estatueta. O anúncio dos cinco filmes estrangeiros que estarão na cerimônia do Oscar, marcada para 9 de fevereiro, em Los Angeles, sai no dia 13 de janeiro.
O Brasil esteve apenas quatro vezes na cerimônia de premiação do Oscar. A última foi em 1999, quando concorreu com Central do Brasil, de Walter Salles. O filme ganhou o Urso de Ouro no Festival de Berlim e o Globo de Ouro, mas no Oscar acabou perdendo para o italiano A Vida É Bela. As outras cerimônias em que filmes brasileiros concorreram a estatuetas correram em 1963, com O Pagador de Promessas, de Anselmo Duarte; 1996, com O Quatrilho, de Fábio Barreto; e em 1998, com O que É Isso, Companheiro, de Bruno Barreto.
Em 2018, o filme brasileiro indicado para a categoria foi O Grande Circo Místico, de Cacá Diegues. Como nos dois anos passados, a escolha coube a uma comissão especial indicada pela Academia Brasileira de Cinema. Presidido por Anna Muylaert, diretora de Que Horas Ela Volta?, o grupo contou com oito nomes ligados ao setor, como Amir Labaki, idealizador do festival de documentários É Tudo Verdade; Ilda Santiago, diretora de programação do Festival do Rio; e Walter Carvalho, um dos diretores de fotografia mais renomados do país.
Caso seja acatado pela Academia de Artes e Ciências de Hollywood, A Vida Invisível pode enfrentar longas como o sul-coreano Parasite, de Bong Joon-Ho, vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes, o palestino It Must Be Heaven, de Elia Suleiman, que recebeu menção honrosa na competição pela Palma de Ouro em Cannes, e o alemão System Crasher, de Nora Fingscheidt, vencedor do Urso de Prata no Festival de Berlim deste ano.
Brasil no Oscar
1963 – O Pagador de Promessas, de Anselmo Duarte, vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes em 1962, foi derrotado por Oito e Meio, de Fellini.
1996 – O Quatrilho, de Fábio Barreto, sobre a colonização italiana no Rio Grande do Sul, perdeu para A Excêntrica Família de Antonia (Holanda).
1998 – O que É Isso, Companheiro?, ambientado na época da ditadura militar, dirigido por Bruno Barreto, irmão de Fábio, encontrou outro holandês pela frente: Caráter ficou com a estatueta.
1999 – Central do Brasil, de Walter Salles, Urso de Ouro no Festival de Berlim e vencedor do Globo de Ouro, foi o filme que mais alimentou o sonho brasileiro. Mas o Oscar ficou com o italiano A Vida É Bela.
Filmes indicados pelo Brasil desde 2000
2000 – Orfeu, de Cacá Diegues
2001 –Eu, Tu, Eles, de Andrucha Waddington
2002 – Abril Despedaçado, de Walter Salles
2003 – Cidade de Deus, de Fernando Meirelles *
2004 – Carandiru, de Hector Babenco
2005 – Olga, de Jayme Monjardim
2006 – 2 Filhos de Francisco, de Breno Silveira
2007 – Cinema, Aspirinas e Urubus, de Marcelo Gomes
2008 – O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias, de Cao Hamburger
2009 – Última Parada 174, de Bruno Barreto
2010 – Salve Geral, de Sérgio Rezende
2011 – Lula, o Filho do Brasil, de Fábio Barreto
2012 – Tropa de Elite 2: O Inimigo Agora É Outro, de José Padilha
2013 – O Palhaço, de Selton Mello
2014 – O Som ao Redor, de Kleber Mendonça Filho
2015 –Hoje Eu Quero Voltar Sozinho, de Daniel Ribeiro
2016 – Que Horas Ela Volta?, de Anna Muylaert
2017 – Pequeno Segredo, de David Schürmann
2018 –Bingo: O Rei das Manhãs, de Daniel Rezende
2019 –O Grande Circo Místico, de Cacá Diegues
* Concorreu ao Oscar em 2004 na categorias de direção (Fernando Meirelles), roteiro adaptado (Bráulio Mantovani), fotografia (César Charlone) e montagem (Daniel Rezende)