O cineasta Karim Aïnouz, que assina a direção de A Vida Invisível, usou as redes sociais para criticar a Ancine após o cancelamento de uma sessão para funcionários do seu longa-metragem. Em texto compartilhado no Facebook, o diretor disse que recebeu a notícia da decisão da agência com "pesar e indignação".
"Digo pesar, pois é triste testemunhar os desdobramentos de uma política tóxica e covarde, perpetrada por um governo catastrófico, que põe deliberadamente em xeque a cultura de um país tão abundante quanto o nosso. Digo indignação, porque as ameaças serão apenas ameaças e porque acredito, faço e continuarei fazendo de tudo para que a cultura circule à revelia dos que se apequenam e temem seu poder emancipador. Infelizmente já vi esse filme antes", explica o cineasta, em um trecho.
Além disso, ele acusa o governo de ser irresponsável e promover um "aniquilamento da cultura": "Não há meias-palavras para a censura – velada ou não – e para o aniquilamento da cultura. Não há meias-palavras para um governo do ódio, do boicote, do desmonte e da morte. Não há meias-palavras para uma política covarde que tenta se escorar na própria incapacidade e ignorância. Não há meias-palavras para a desinformação deliberada e a mentira como tática de um governo irresponsável que se agarra nas beiras de tudo que é falso".
Aïnouz encerrou o texto dizendo que a "ameaça à vida do setor é criminosa". "A cultura é o que nos possibilita acreditar na dignidade coletiva. Ela desarma o horror", encerra o texto.
O cancelamento da sessão de A Vida Invisível aos servidores da Ancine ocorreu na semana passada, sem explicações por parte da agência. A exibição seria realizada nesta quinta-feira (12), dentro de uma programação mensal em que são debatidas questões técnicas de gravações e outras relativas ao subsídio público a filmes nacionais.
Diante da situação, a associação dos funcionários encaminhou nesta segunda-feira (9) um ofício à agência pedindo esclarecimentos. Em resposta, a Ancine apenas informou que "não irá se pronunciar sobre o assunto".
Nesta terça-feira (10), no entanto, a colunista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S.Paulo, disse que a mesma associação de funcionários irá realizar uma sessão do longa-metragem de Karim Aïnouz, com entrada franca, na Cinelândia, no Rio de Janeiro. A exibição será seguida de debate com o produtor do filme, Rodrigo Teixeira, e o ator Gregorio Duvivier, que integra o elenco.