Com a estreia nesta quinta-feira (4) de Homem Aranha: Longe de Casa, segundo filme solo do personagem sob a égide do universo cinematográfico da Marvel, o aracnídeo se torna um dos heróis de quadrinhos com o maior número de adaptações para a tela.
Além de um telefilme de baixíssimo orçamento realizado em 1977 como piloto para uma série de TV, o Cabeça de Teia já marcou presença em três filmes dirigidos por Sam Raimi, dois assinados por Marc Webb, uma das animações de maior sucesso dos últimos anos e cinco filmes do Universo Cinematográfico da Marvel – dois solos e três deles ao lado de uma multidão de outros heróis.
Na produção mais recente, que encerra oficialmente a Fase 3 da Marvel, Tom Holland volta a viver o jovem herói que, em uma viagem à Europa com os colegas de escola, é convocado por Nick Fury (Samuel L. Jackson) para ajudar a combater uma invasão de monstros elementais que teriam vindo de uma outra dimensão, assim como o suposto novo aliado do Aranha, Mystério (Jake Gyllenhaal).
Aproveitando a estreia, GaúchaZH apresenta um top 5 dos melhores filmes do herói, levando em conta apenas suas aventuras solo (sem, portanto, Vingadores: Guerra Infinita e Vingadores: Ultimato).
5. O Espetacular Homem-Aranha (2012), de Mark Webb
Com um novo ponto de partida e uma abordagem com a obrigação de ser original para se diferenciar do Aranha de Sam Raimi, cujo terceiro capítulo havia saído meros cinco anos antes, esta conflituosa obra sofre dos problemas de um novo começo — poderia ter sido polida e ajustada para algo melhor mais tarde ou, como se viu, ter seus problemas potencializados por um segundo filme inferior.
Andrew Garfield assume como um Peter Parker mais descolado e menos nerd e como um Aranha esguio, mais semelhante a sua caracterização nos quadrinhos. É um filme cujos elementos, tomados um a um, não chegam a ser problemáticos, apesar da ampla discussão que provocaram quando postos em conjunto. As adições de Martin Sheen e de Sally Field como os tios Ben e May Parker dão um brilho mais contemporâneo ao material original. Emma Stone como Gwen Stacy é um interesse amoroso mais carismático e apaixonante do que Kirsten Dunst jamais conseguiu ser na trilogia original (em parte devido à própria abordagem da personagem no roteiro). E o versátil Rhys Ifans dá um tom sólido ao atormentado Curt Connors, que será mais tarde o vilão Lagarto. A computação gráfica de visual mambembe talvez ajude a explicar por que, a partir da transformação do vilão, o filme parece descarrilar.
Examinado sozinho, contudo, o filme tem mais méritos do que Homem Aranha 3 — este provavelmente beneficiando-se do fato de encerrar uma série aclamada, enquanto
O Espetacular Homem-Aranha desaba ao peso do constrangimento provocado por sua horrível sequência.
4. Homem-Aranha (2002), de Sam Raimi
Assistir hoje a Homem-Aranha, a primeira produção de Sam Raimi adaptando as histórias do Aracnídeo, é perceber o quanto mudou desde aquela época em que os filmes de quadrinhos ainda eram raras apostas e não um evento hypado de todo ano. Em uma produção que transpira a paixão de seu diretor pelo personagem, Raimi, um realizador que havia feito originais e inovadoras gemas do terror, logra transpor o espírito das histórias clássicas do personagem, sem reverência excessiva, para uma obra que não tem medo de ser o que é: um filme de quadrinhos, com sua dose de exageros, cores vibrantes e personagens secundários caricatos (o melhor deles o J. Jonah Jameson vivido por J.K. Simmons, em uma caracterização magistral).
Bastante calcado no material dos quadrinhos e com um Tobey Maguire simpático alternando entre as tragédias e pequenos azares pessoais de Peter e a ação heroica do Aranha, o filme envelheceu um pouco mal nas cenas em que o Aranha digital se balança em pura computação gráfica,além de ter um uso quase secundário de Mary Jane como a tradicional dama em perigo. Mas como Raimi teve a manha de dar muito tempo de tela a Peter Parker, o protagonista humano por excelência, o rejeitado com um segredo de grandeza, as maiores qualidades do filme se mantêm intactas até hoje.
3. Homem-Aranha: De Volta ao Lar (2017), de Jon Watts
O fracasso retumbante de O Espetacular Homem-Aranha 2 cancelou os planos da saga que a Sony pretendia criar com o Homem-Aranha enfrentando o Sexteto Sinistro. Pouco depois, o vazamento de e-mails de altos executivos da Sony em retaliação de hackers norte-coreanos à controversa produção A Entrevista, de James Franco e Seth Rogen, mostrava que o estúdio já cogitava fazer um acordo com a Marvel para transformar o Aranha outra vez em um sucesso no cinema. O sinal estava aberto para um acerto entre os Estúdios Marvel e a Sony.
Foi o que tornou possível a terceira encarnação do Aranha em 10 anos: Tom Holland, jovem ator inglês aclamado por participações marcantes em filmes como O Impossível (2012) e No Coração do Mar (2015). Após uma participação em Guerra Civil, Holland e sua versão MCU estrearam em aventura solo nesta aventura que, muito acertadamente, se exime de mostrar pela terceira vez coisas que todos os fãs do personagem já viram no cinema: a origem de seus poderes, a morte de seu tio Ben, a descoberta de sujas habilidades, a criação dos adesivos de teia. Outro acerto é a forma como praticamente todo filme existe em decorrência das demais produções do Universo Marvel.
Ansioso por provar seu valor a Tony Stark (Robert Downey Jr.), o Homem de Ferro, o Aranha descobre uma quadrilha que anda contrabandeando armas de alta tecnologia, liderada pelo vilão Abutre (um carismático Michael Keaton). Para além da aventura super-heroica, o que cativou o público foi o espírito juvenil oitentista das agruras de um Peter Parker mais novo, inexperiente e ainda muito inocente em idade escolar.
2. Homem-Aranha no Aranhaverso (2018), de Peter Ramsey, Bob Persichetti e Rodney Rothman
Numa entrevista recente para promover Homem-Aranha: Longe de Casa, o todo-poderoso produtor dos Estúdios Marvel, Kevin Feige, não perdeu a chance de dizer que o novo filme desbrava caminhos tão ousados e criativos quanto os de Homem-Aranha no Aranhaverso.
É um sinal forte de que a animação realizada pela Sony misturando diversas versões do aracnídeo vindas de diferentes realidades alternativas se tornou, com justiça, um paradigma de excelência.
Após ter realizado dois contestados filmes em live-action estrelados por Andrew Garfield e de ter negociado o personagem para aparecer no universo da Marvel, a Sony provoca uma reviravolta em seu filme animado apostando em outro protagonista, o jovem Miles Morales, adolescente negro de ascendência hispânica criado por Brian Michael Bendis para a série alternativa de quadrinhos Ultimate, no início dos anos 2000, e depois incorporado ao universo principal.
Miles não só descobre a existência de Peter Parker como de um grupo de variações alternativas do Homem-Aranha , incluindo uma Mulher-Aranha Gwen Stacy , uma versão japonesa chamada Peni Parker, um Homem-Aranha com fortes tintas noir e até o infame Porco-Aranha. O filme agrada a novos e velhos fãs com humor, um protagonista carismático, uma trama imaginativa e com mais easter-eggs do que um caminhão de entregas da Cacau Show.
1. Homem-Aranha 2 (2004), de Sam Raimi
O primeiro filme da série do Homem-Aranha dirigido por Sam Raimi em 2002 foi uma aventura colorida que, apostando no espírito agridoce do material original, provou que filmes de super-heróis não precisavam ser uma porcaria e até podiam render algum dinheiro. Dois anos depois, Raimi e o mesmo elenco do primeiro filme criaram uma das melhores produções baseadas nos quadrinhos.
Homem-Aranha 2 aumenta as apostas realizadas no primeiro filme. Tobey Maguire vive um Peter Parker azarado e assoberbado pelos conflitos entre as exigências da carreira de super-herói e as de sua vida pessoal. Alfred Molina transforma o Doutor Octopus em um dos mais carismáticos e trágicos adversários do herói — favorecido por sua caracterização, já que Molina tem o rosto livre para atuar, enquanto Willem Defoe, o Duende Verde do filme anterior, era limitado pela máscara de uma única expressão.
Ação, um desenvolvimento de personagem irretocável, momentos comoventes, humor e até alguns acenos para o horror combinados no melhor filme derivado do Homem-Aranha desde que ele começou a balançar suas teias por aí.