Efeitos especiais de encher os olhos, sobretudo se vistos no potencial máximo do Imax 3D, ajudam a disfarçar a falta de assunto no correr das mais de duas horas de projeção de O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro. Se até mesmo os fãs do super-herói proletário e gente fina da Marvel questionam a razão para esta nova trilogia ter início cinco anos após o fim de outra muito bem-sucedida, os não tão íntimos desse universo podem ficar com a justa impressão de já ter visto este filme não faz muito.
A Ameaça de Electro não ajuda a desfazer a impressão de déjà vu deixada pelo filme que abriu a nova saga, em 2012, também assinado por Marc Webb. Depois de recontar a história de como Peter Parker (Andrew Garfield) adquiriu seus superpoderes, agora se vê o rapaz às voltas com o passado nebuloso do falecido pai cientista e o impasse que a vida dupla de zelador da lei e da ordem em Nova York provoca no namoro com a colega de escola Gwen Stacy (Emma Stone).
Parker tenta desatar esses nós existenciais encarando o ataque do vingativo Electro (Jamie Foxx), vilão que domina a eletricidade. A reforçar a falta de inventividade desse recozido, surge outra vez em cena o alucinado Duende Verde (Dane DeHaan). As presenças de um chocho Rino (Paul Giamatti) e de Felicia (Felicity Jones), a Gata Negra, antecipam possíveis confrontos no desfecho previsto para 2016.
O visual que remete aos quadrinhos clássicos dos anos 1960, a sempre esperada aparição do mestre Stan Lee, o pai do Homem-Aranha junto com Steve Ditko, e a competente atuação do elenco ajudam a parecer menos aborrecido o resultado de um projeto que é claramente um produto, mais que um filme. Se o Batman conseguiu ser repaginado no cinema por Christopher Nolan, o Homem-Aranha, já que o mercado impôs essa sua volta tão rápida às telas, também poderia ter na retaguarda realizadores ousados e corajosos como Peter Parker.