O que foi excesso de movimentos e gritos na noite de domingo transformou-se em contenção e conversa sussurrada no começo da tarde desta segunda-feira. Atração do último dia do Rock in Rio com sua banda, Thirty Seconds to Mars, Jared Leto incorporou na tarde seguinte sua outra faceta, a de ator já premiado com o Oscar (de coadjuvante, por Clube de Compras Dallas) para promover Blade Runner 2049.
Sequência da cultuada ficção científica de 1982 dirigida por Riddley Scott (agora na produção), Blade Runner 2049 estreia nos cinemas no dia 5 de outubro. Quem dirige é Denis Villeneuve, realizador incensado por trabalhos como Incêndios, Os Suspeitos e A Chegada.
Após uma sessão para a imprensa de apenas 25 minutos da produção com 2h43min de metragem, Leto concedeu entrevistas individuais em um hotel do Rio. A postura zen na sala com pouca iluminação parecia um providencial refúgio para recuperar-se da intensa performance da noite anterior – em meio à lista de hits da banda, o músico e ator de 45 anos (passa fácil por um rapaz de 25) voltou a cruzar a frente do palco do Rock in Rio pendurado na tirolesa, mostrou sua paixão pelo açaí, interagiu intensamente com a plateia e levou um grupo de fãs para pular no palco com ele. Como se virasse uma chave, resume as emoções que vive em suas diferentes frentes de trabalho:
- A plateia de ontem (domingo) foi incrível, o Rock in Rio é um festival lendário e estou muito orgulhoso de fazer parte dele. Já Blade Runner é um dos filmes da minha vida. Não acredito que fui chamado para fazer parte deste projeto. É uma parte pequena, mas eu faria de tudo para estar nele, mesmo se fosse para interpretar um cachorro passeando na rua.
Na trama futurista ambientada em Los Angeles, 30 anos depois dos acontecimentos do primeiro filme, Leto vive Niander Wallace, dono de um império científico e tecnológico que, após ajudar a resolver o drama da fome no mundo, retoma a produção dos androides inteligentes feitos à imagem e semelhança do homem, a ponto de só serem identificados com detalhados teste de memórias.
No Blade Runner original, essas máquinas perfeitas eram produzidas pela corporação Tyrell. Após a morte do cientista criador, o projeto foi interrompido. Mas ainda restam androides circulando entre os humanos e na caça deles está o agente K, papel de Ryan Gosling. E em sua missão, unindo a mitologia dos dois filmes, K cruzará com o renegado Deckard, personagem imortalizado por Harrison Ford.
- Wallace é um homem muito poderoso, esperto e ambicioso que se apodera do banco de dados da Tyrrel para retomar seu projeto. É um personagem fantástico. Eu me sinto sortudo em trabalhar com Dennis Villeneuve, um dos melhores diretores de todos os tempos, e uma grande pessoa. Adoro todos os seus filmes.
Para incorporar Wallace, que é cego e usa lentes de contato especiais para “enxergar”, Leto contou com o treinamento de um jovem deficiente visual. Sua dedicação física a um personagem já havia sido mostrada quando perdeu muitos quilos para encarnar o jovem trans portador que buscava tratamento para a aids em Clube de Compras Dallas. Mas ele não esconde que a carreira na música é a que, no momento, mais lhe estimula. Disse não saber nada sobre sua especulada volta ao papel de Coringa em novos projetos relacionados a Esquadrão Suicida.
- Estou agora curtindo o dia após o Rock in Rio e celebrando nosso novo single, Walk on Water.
* O repórter viajou a convite da Sony Pictures