O clima da noite de sábado (7) em Porto Alegre foi de retomada e esperança, conforme o público que participou da Noite dos Museus 2024. Meses após a enchente, que atingiu locais que tradicionalmente recebem o evento, milhares de pessoas se reuniram para celebrar a música, a arte e a resistência dos espaços culturais simbólicos da Capital após a tragédia climática.
Cerca de 208 mil pessoas de diferentes locais, idades e perfis marcaram presença no evento gratuito durante a noite nublada. As atividades ocorreram entre 18h e meia-noite em 25 instituições. Como de costume, boa parte do público ficou concentrada no circuito do Centro Histórico.
O bairro recebeu atrações na Cinemateca Capitólio, Clube do Comércio, Espaço Força e Luz, Mercado Público, Palácio Piratini, Pinacoteca Ruben Berta, Memorial do Judiciário do Rio Grande do Sul, Memorial do Ministério Público do Rio Grande do Sul, Museu da Brigada Militar, Museu de Arte de Porto Alegre e Galeria Espaço Cultural Duque.
Além disso, havia um palco no Cais Embarcadero e na própria Praça da Alfândega, que já se tornou o principal ponto de encontro de quem vai ao evento, com a tradicional iluminação cênica dando cor aos prédios e monumentos e alegrando a noite.
— Ver o centro vivo assim é muito legal, sendo seguro e cheio de vida. A vontade de renascer está mais latente nas pessoas, todo mundo está com sede de vida — diz a diretora de arte Fernanda Menegatti, 51 anos.
A oitava edição da Noite dos Museus contou com 25 atrações, entre shows, saraus, sessões de cinema e apresentações de teatro, circo e dança. Mesmo com tantas atividades, a organização não deixou a desejar, segundo os frequentadores.
Conforme a estudante de Administração Pública e Social Luciana Cruz Guimarães, 19 anos, que é de Dom Pedrito e foi ao evento pela primeira vez, foi muito tranquilo o acesso aos locais e instituições.
— Adorei a iluminação e a segurança, dá para ver que eles se esforçaram muito nisso. A organização foi maravilhosa, muita gente educada, e não pegamos fila — conta.
Em geral, foi rápido ingressar mesmo nos locais com fila, de acordo com os visitantes ouvidos pela reportagem. Um dos fatores pode ser a quantidade maior de locais distribuídos pela cidade.
Novas atrações
No total, o evento promoveu atrações em 25 instituições em diferentes pontos da Capital, muitos deles inéditos, como o Clube do Comércio, o Cais Embarcadero e o Memorial do Ministério Público do RS, ambos no Centro Histórico.
No Clube do Comércio, um dos destaques foi uma exposição em alusão ao romance Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa. A sala da atração ficou lotada ao longo da noite. O prédio também recebeu shows, como a apresentação do grupo Metanóia.
Retomada no Mercado Público
Um dos grandes destaques da oitava edição da Noite dos Museus foi a inclusão do Mercado Público na programação.
O prédio histórico, que completou 155 anos em 2024, ficou fechado por mais de um mês durante a enchente. Além da visitação mediada, o espaço recebeu os shows de Samba do Feitiço, Negra Jaque + Bloco das Pretas e Bibiana Petek.
Se para os visitantes foi um momento único, para quem trabalha no local foi ainda mais especial, depois de todos os obstáculos vivenciados neste ano.
— É emocionante ver o mercado aberto e cheio de gente de todas as idades. Quando olhamos tudo debaixo d'água em maio, pensamos que não tinha mais jeito. Ver todo esse movimento é incrível, é um sentimento de superação — diz a comerciante Carolina Kader, do Armazém do Confeiteiro.