A Casa de Cultura Mario Quintana, em Porto Alegre, iluminou-se na noite desta sexta-feira (25). A luz que tomou conta do espaço, sempre cheio de vida e celebração, porém, foi de uma projeção feita para marcar o trágico número de 500 mil mortos por covid-19 que o Brasil atingiu no final de semana passado.
A performance Quase-Oração, ação coletiva realizada no Instagram (@quaseoracao), em horários alternados, que busca contabilizar, número por número, as vítimas do novo coronavírus no país, chegou em sua terceira — e última — etapa. Nela, aproximadamente 120 artistas, atores, jornalistas e professores participam da contagem, em duplas, por meio de lives.
A abertura da nova etapa, que partiu do número 335 mil, atingido na edição anterior, foi exibida durante duas horas na CCMQ, das 18h às 20h, e novas ações deverão ser realizadas no local até 5 de julho, quando encerra-se o projeto. No entanto, datas e horários ainda não foram determinados — a certeza, apenas, é de que as intervenções serão durante a noite, quando é possível ver as projeções.
— Não chamamos nenhum público. A nossa ideia é que as pessoas que estejam passando na rua, pela região, sintam-se interpeladas e até incomodadas para saber o que está acontecendo — reforça Diego Vacchi, um dos organizadores e porta-vozes da ação coletiva.
Ele explica que o projeto consiste em tentar dar ao público a dimensão de tempo que leva apenas para numerar todas as vítimas fatais da covid-19 no país, buscando, assim, trazer o choque e o confronto com a realidade desta contagem que somente cresce. Assim, os organizadores e participantes da ação pretendem evitar que as pessoas fiquem amortizadas com o número diário de mortos.
— Cada número é uma vida perdida. Esta contagem é desgastante e não sabemos se conseguiremos chegar até o número 500 mil, pois é necessário muito fôlego, mas não vamos deixar de falar desta marca trágica. Seguimos denunciando e enunciando esta situação, que é muito grave — reforça Vacchi.