Com novidades em suas estruturas e trazendo novas exposições, a Casa de Cultura Mario Quintana (CCMQ) e o Museu Julio de Castilhos reabriram nesta terça-feira (4). As duas instituições culturais de Porto Alegre estavam fechadas desde o fim de fevereiro, quando o Estado inteiro entrou na bandeira preta.
Tanto na CCMQ quanto no Julio de Castilhos, só é possível entrar utilizando máscara e após medição de temperatura corporal. As visitações ocorrem em grupos restritos, sendo previamente agendadas.
Na CCMQ, há totens de álcool gel em boa parte dos ambientes. Por lá, o público pode conferir as atrações de segunda a sexta, das 10h às 18h, desde que a visitação seja previamente agendada pelo e-mail visitaccmq@gmail.com. Cada visita dura uma hora e tem o limite de até 10 pessoas, com distanciamento controlado. Outras informações sobre a programação da instituição podem ser conferidas em ccmq.com.br ou nas redes sociais.
Nesta terça (4), o público já pôde conferir uma novidade na instituição, o Projeto Vitrine CCMQ. Em um local delimitado por paredes de vidros, no térreo, o grupo de artesanato indígena Complô Cunhã – Coletivo de Artesãs Mbyá-Guarani, está expondo suas produções. Envolvendo artistas, artesãos, designers e criadores, o projeto visa a proporcionar a utilização do ponto como espaço comercial expositivo.
— O Vitrine CCMQ é um projeto muito importante para a Casa de Cultura, porque permite dar visibilidade a iniciativas culturais, fomentando a economia criativa e a geração de renda, o que se mostra ainda mais relevante nesse momento de pandemia, no qual muitos artistas enfrentam dificuldades financeiras — diz o diretor da instituição, Diego Groisman.
No sexto andar, entrou em cartaz nesta terça a exposição Arte Contemporânea.RS, nas galerias do Museu de Arte Contemporânea do RS (MACRS). Com curadoria de Maria Amélia Bulhões, a mostra coletiva conta com mais de 70 obras em diferentes suportes provenientes do acervo do museu. É possível conferir trabalhos de nomes como Xadalu Tupã Jekupé , Cildo Meireles, Nuno Ramos, Jorge Menna Barreto, Teresa Poester, Vera Chaves Barcellos e Walmor Corrêa, entre outros.
Em Arte Contemporânea.RS, há a instalação Cabine-Nicho, de Elaine Tedesco. Como se fosse um sarcófago aberto e com lâmpada, o trabalho é uma caixa vertical feita de madeira, com as paredes internas revestidas de espuma para isolamento acústico. A entrada nessa cabine pode provocar a sensação de ruptura temporal, como se o visitante ingressasse em um local em que o tempo foi suspenso.
Há também na mostra Chico Buarque’s Song, de Laura Cattani e Munir Klamt. Trata-se de uma instalação com chocolate branco, vidro e metal. É possível sentir cheiro de chocolate ao se aproximar da obra.
Outra exposição que foi aberta ao público nesta terça na CCMQ é Fora da Cor – Exercício 4. Situada no 3º andar, ocupando a Galeria Augusto Meyer e o Espaço Maurício Rosenblatt, a mostra havia tido apenas uma abertura em live no começo de abril. Com curadoria de Ana Zavadil, a exposição integra as atividades comemorativas dos 30 anos do Instituto Estadual de Artes Visuais (IEAVi), instituição da Secretaria de Estado da Cultura (Sedac).
Reunindo trabalhos de 56 artistas em diferentes linguagens e suportes, Fora da Cor apresenta obras que possuem a característica de serem em preto e branco. A cerâmica Lágrimas da Pandemia, de Carmela Slavutzky, era um desses trabalhos. A artista e terapeuta ocupacional visitava a CCMQ na manhã desta terça, acompanhada do marido Lúcio Nagib. Para o empresário, além de conferir a exposição que contava com trabalho da esposa, era uma felicidade voltar à instituição:
— Depois de um tempo fechado e de nós estarmos fechados em nossas vidas, entrar num lugar desses é mágico. Esperamos que passe isso para que a gente possa interagir mais.
Para Groisman, a perspectiva para o restante do ano é que a CCMQ trabalhe com o formato híbrido:
— Creio que ficaremos com essas visitas mediadas para o restante de 2021. Não vejo possibilidade de abrirmos para visitação livre ainda neste ano. Acho que vamos seguir com um trabalho forte nas redes sociais, com uma programação online, além dessas exposições na casa.
Museu Julio de Castilhos
O Museu Julio de Castilhos também reabriu com novidades em sua estrutura: agora o local conta com uma recepção com um piano instalado. Também reconfigurou o Gabinete de Julio de Castilhos com recursos digitais, obtidos a partir da Lei Aldir Blanc. Aliás, o fomento permitiu a aquisição de bancos de madeira e vasos de paisagismo para o Jardim dos Canhões, nos fundos da instituição.
O Julio de Castilhos reabriu com a exposição As Incríveis Tecnologias dos Séculos 19 e 20, que reúne equipamentos antigos, como televisão, secador de cabelo, chuveiro a carvão e máquinas de escrever. Durante a visita, o público pode datilografar em uma máquina e constatar: não era fácil.
Essa mostra traz também a lambreta que pertenceu ao gaúcho José Ferreira da Silva, que deu a volta ao mundo no veículo, sendo mencionado no Guinness, o livro dos recordes. A viagem foi realizada entre 1968 e 69.
— A mostra traz máquinas e equipamentos que podem causar estranhamento para um público mais jovem. Como as máquinas de escrever de 1905, que nós temos. Com a possibilidade das pessoas terem a experiência imersiva de datilografia que o museu propõe, isso estabelece a relação entre o nosso momento, do teclado na palma da mão, com um mecanismo de escrever que precisava da força mecânica — explica Doris Couto, museóloga e diretora do museu, além de curadora da mostra.
Segundo Doris, o público deve estar com as mãos higienizadas antes de utilizar a máquina de escrever, que também passará por constantes limpezas.
A visitação ocorre de terça a sábado, das 10h às 17h, com agendamento pelo e-mail museujuliodecastilhos@gmail.com ou presencialmente, na recepção. Poderão visitar grupos de até seis pessoas por vez. Outras informações no Facebook e no Instagram do museu.