Não estamos em ano de Bienal do Mercosul — mas a arte não para. Já pensando no evento de 2022, Carmen Ferrão, a presidente da edição 13, e Marcello Dantas, o curador, conversaram ao vivo sobre o que podemos esperar do futuro da Bienal em uma live transmitida pelo Instagram nesta quinta-feira (25).
Uma das revelações da noite foi o mapa da próxima Bienal. Dantas prometeu que o evento vai ocupar áreas que vão das zonas norte a sul de Porto Alegre, entre o aeroporto Salgado Filho e a Fundação Iberê Camargo. Além dos espaços tradicionais, como Margs, Farol Santander e Memorial do Rio Grande do Sul, há mais duas localidades adicionadas à próxima edição: a Cripta da Catedral Metropolitana e o Instituto Caldeira (uma antiga fábrica transformada em centro de inovação).
— A Cripta da Catedral é o que eu chamo de um dos segredos mais bem guardados da cidade. Ali, na boca do gol, na frente de todo mundo e ninguém conhece — declarou o curador, que definiu o espaço como "mítico".
Mas a arte não vai ficar restrita a quatro paredes: a Bienal também promete intervenções públicas, do Mercado Público até a orla do Guaíba, traçando um caminho para os pedestres no Centro Histórico.
— A Bienal é aquele momento em que as artes visuais vazam de um pequeno gueto para a sociedade como um todo — defendeu Dantas. — Acima de tudo, o que você quer é que as pessoas abracem essa bandeira de que a vida é melhor com a arte.
A ideia, aliás, não é fazer apenas um evento mais inclusivo e acessível para o público. Os artistas também vão se beneficiar da nova filosofia, com uma open call (o edital será publicado em abril). Projeto de formação aberto, online e gratuito para novos nomes, a Formação em Arte + Tecnologia é uma realização do Instituto Ling e do Ministério do Turismo, com apoio do Tecnopuc.
— As novas pessoas não vão aparecer espontaneamente na porta da minha casa. Elas vão precisar ter uma plataforma em que elas possam chegar até a curadoria — brincou o curador.
Ao final do curso, parte dos novos artistas serão selecionados para participar da Bienal. Eles vão receber o apoio teórico, técnico e tecnológico necessário para executar suas ideias e projetos artísticos. Como Carmen ressaltou, a ideia do evento é ser plural e colaborativo:
— É isso que nós estamos imaginando para a nossa Bienal. Compartilhamento, construção coletiva, um momento de colaboração. É uma construção conjunta.
Temática
Marcello Dantas também aproveitou a noite para detalhar o conceito da próxima Bienal, uma equação de três palavras: "trauma", "sonho" e "fuga". Para ele, cada termo representa um território distinto, que juntos compõem uma espécie de triângulo.
— A junção desses três temas nos oferece uma possibilidade de falar sobre o mundo que a gente está vivendo. Um mundo que está profundamente em transformação. Um mundo que ninguém tem a fórmula, que ninguém entende — declarou ele.
Para o curador, seria impossível não tratar da nova realidade na próxima edição.
— Esta Bienal nasceu em plena pandemia. Ela vai falar da arte que foi feita a partir desse ponto. A gente precisa entender que 2020 é o início de um novo século — justificou. — A Bienal é uma plataforma para discutir esse novo tempo.