Em 1979, alguns dos maiores artistas contemporâneos do Estado eram ainda jovens em busca de um lugar para trocar ideias e experimentar para além do que se via nas galerias locais. A ideia se concretizou com o Espaço N.O., cuja influência continua a reverberar na arte brasileira. Nesta quarta-feira (9/10), o Margs inaugura uma exposição em homenagem à iniciativa: Espaço N.O. 40 anos – Arquivos de uma Experiência Coletiva.
A mostra é assinada pelo diretor-curador do Margs, Francisco Dalcol, e pela curadora-assistente Fernanda Medeiros, que já desenvolvia uma pesquisa sobre o assunto no Centro de Pesquisa e Documentação da Fundação Vera Chaves Barcellos – origem da maioria dos itens agora em exibição. O rico acervo foi alçado a protagonista da mostra, composta não por obras, mas por dezenas de documentos e registros fotográficos que serão inclusive projetados na sala.
A exposição faz parte da estratégia institucional de valorizar arquivos. Por isso, o visitante terá a oportunidade de conhecer o Núcleo de Documentação e Pesquisa do Margs, que estará aberto ao público, no segundo andar. Também será possível conferir trabalhos de artistas ligados ao N.O.: obras assinadas por Milton Kurtz, Mário Röhnelt, Heloisa Schneiders da Silva, Carlos Wladimirsky e outros foram incorporadas à mostra Acervo em Movimento, na Galeria Aldo Locatelli, no primeiro andar.
Experimentação
O Espaço N.O. – Centro Alternativo de Cultura funcionou entre 1979 e 1982, na Galeria Chaves, no centro da Capital, e reuniu artistas oriundos dos grupos Nervo Óptico, como Telmo Lanes e Vera Chaves Barcellos, KVHR e do Instituto de Artes da UFRGS. Tornou-se uma usina de práticas experimentais como instalação, performance, arte-postal, xerox, carimbos e publicações. A ênfase estava menos na produção de obras vendáveis do que no processo de criação. Além disso, era uma forma de organização pioneira:
– Quando falamos hoje de espaços compartilhados, é obrigatório mencionar o Espaço N.O. Foi uma das mais importantes experiências de coletivo multidisciplinar e autogestionado por artistas – aponta o diretor do Margs.
O centro também se notabilizou por expor artistas de outras regiões do país, renovando o meio local, como Paulo Bruscky, Carmela Gross e Hélio Oiticica.
– Na época, o Hélio Oiticica não era tão conhecido. Essa exposição foi a primeira individual dele em Porto Alegre, um ano depois da sua morte. É histórica. Os parangolés foram expostos de maneira que o público podia vestir e se movimentar.
Espaço N.O. 40 anos – Arquivos de uma Experiência Coletiva
- Abertura nesta quarta-feira (9/10), das 18h às 21h.
- Curadoria: Fernanda Medeiros e Francisco Dalcol.
- Galeria Iberê Camargo do Margs (Praça da Alfândega, s/nº).
- Visitação a partir de 10 de outubro até 15 de dezembro.
- Entrada franca.