Há 20 anos sem receber uma reforma abrangente, o Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs) terá uma verba importante para resolver pelo menos parte dos seus problemas. Foi publicada nesta terça-feira no Diário Oficial da União a aprovação de recursos para o sistema de climatização da instituição, a restauração do terraço e também dos quatro torreões.
A obra ficará a cargo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), responsável pelas reformas de prédios tombados como o do Margs, datado da década de 1910. Conforme antecipado pela jornalista Kelly Matos, o repasse, no valor de R$ 5,6 milhões, foi comunicado pelo secretário especial da Cultura do Ministério da Cidadania, Henrique Pires, à secretária estadual de Cultura, Beatriz Araújo.
Trata-se de uma reivindicação antiga do museu, que tem dificuldades históricas com o sistema de climatização. O diretor-curador do Margs, Francisco Dalcol, comemora a notícia:
– A perspectiva é de que a reforma nos coloque em uma nova era. O sistema de ar-condicionado não dava conta dos calorões do verão. Já a obra no terraço vai evitar infiltrações, goteiras e proteger o espaço interno do museu. Os torreões estão em condições de uso e já são utilizados para cursos, mas vão ser melhorados.
O museu aguardava recursos para essas reformas desde 2013, quando diversas instituições de Porto Alegre foram confirmadas no PAC Cidades Históricas, programa do governo federal patrocinador de projetos de restauração, revitalização e conservação do patrimônio cultural.
– Essas verbas dizem respeito à época do PAC Cidades Históricas, mas o dinheiro não saiu. Em 2018, o projeto foi aprovado pelo Iphan e o Iphae, mas aí não tinha dinheiro – lembra o ex-diretor do Margs e atual presidente do Ibram, Paulo Amaral.
Por sugestão de Amaral, o Iphan solicitou os recursos de uma nova fonte: o Fundo de Defesa dos Direitos Difusos (FDD). Gerido pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, o fundo recebe dinheiro procedente de multas e condenações judiciais e danos ao consumidor. Esses recursos então são destinados a fins diversos, mediante edital. Além das instituições contempladas a pedido do Iphan, como o Margs, neste ano cinco museus de fora do Estado vinculados ao Ibram receberão recursos. Segundo Amaral, o próximo edital do FDD é uma oportunidade valiosa para outras instituições do Rio Grande do Sul:
– É o primeiro momento em que este fundo é usado de maneira pontual e grandiosa (para museus). Tem a ver com o incêndio do Museu Nacional e as demandas que surgiram a partir disso. No mês que vem, vou a Porto Alegre conversar com diretores de museus e preparar mais projetos. Na próxima leva do FDD, o Museu Julio de Castilhos, por exemplo, é um forte candidato.