Projetos culturais que sempre obtiveram patrocínio da Petrobras ficarão sem o apoio da estatal neste ano. Os cortes atingem quatro dos principais festivais de cinema do país: a Mostra de Cinema de São Paulo, o Festival do Rio, o Anima Mundi — maior festival de animação da América Latina —, e o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro.
A relação de projetos que sofrerão cortes foi enviada pela Petrobras aos deputados federais Áurea Carolina e Ivan Valente, ambos do PSOL. O documento foi acessado pela reportagem da rádio CBN.
Um dos principais festivais de teatro do Rio Grande do Sul, o Porto Alegre em Cena mais uma vez não contará com o apoio da Petrobras. Na edição de 2018, o evento foi realizado sem o patrocínio da estatal.
Em recente entrevista a GaúchaZH sobre a possibilidade de cortes de investimentos na cultura por parte da Petrobras, o secretário municipal da Cultura, Luciano Alabarse, que esteve à frente da organização do Em Cena em quase toda sua história, comentou:
— O Em Cena teve patrocínio da Petrobras desde a sua primeira edição. Eles vão conservar patrocínios de parcerias longevas ou não? Esse não saber é o que gera intranquilidade. Mesmo assim, o Em Cena foi realizado no ano passado com espetáculos relevantes e significativos. Temos de fazer um evento do tamanho dos recursos. É uma questão matemática.
Outro grande evento cultural que deixará de obter apoio é o Prêmio da Música Brasileira. Em atividade desde 1987 homenageando nomes como Vinícius de Moraes, Dorival Caymmi, Maysa, Luiz Gonzaga, Gilberto Gil, Elis Regina, é considerado uma das maiores premiações da música brasileira.
— O que eu imagino é que a gente vai ter um ano de míngua. A gente corre um risco muito grande de interromper projetos continuados, que têm uma longa tradição, muita importância, público imenso e que podem, simplesmente, serem realizados ou de forma pífia ou nem serem viabilizados — disse o produtor Henrique Rocha à CBN, diretor geral do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro nas últimas duas edições.
Segundo a reportagem da CBN, o fim dos contratos está ligado à orientação da nova diretoria, que já havia mandado revisar todos os programas de patrocínio. No documento, a Petrobras informa que o estudo ainda está em fase inicial. Numa audiência na Comissão de Cultura na semana passada, o gerente de patrocínios da empresa, Diego Pila, afirmou que a estatal só vai honrar os contratos vigentes:
— A gente não está fazendo nenhuma renovação de patrocínio de cultura e esporte, em qualquer área. A gente não teve nem quer ter critérios para fazer o corte, foi geral. A gente tinha lançado uma seleção pública na área de música em dezembro do ano passado e esse é o único patrocínio novo que está sendo feito, tanto para cultura, como para esporte.