Poucos gigantes da literatura mundial levaram tão a sério a expressão "autor múltiplo" quanto Fernando Pessoa (1888–1935), poeta autor de uma obra gigantesca, dispersa e fragmentada em várias personalidades e heterônimos, mas que, em vida, foi um homem comum trabalhando em vários ofícios burocráticos. Parte dessa multiplicidade é o tema da mostra Fernando Pessoa: A Minha Arte é Ser Eu, que está entrando em exibição a partir de hoje no Santander Cultural. Em paralelo, o Santander também realiza um seminário de três dias, gratuito, sobre as várias facetas do autor. A mesa de abertura será hoje, a partir das 18h30min, com a participação de Kathrin Rosenfield, Lawrence Flores Pereira e José Paulo Cavalcanti.
A exposição reúne cerca de 400 itens, entre diversas edições de suas obras, amostras de sua correspondência, exemplares de publicações nas quais participou e alguma memorabilia – como óculos, um livro de selos que ganhou aos 14 anos e a mesa e a máquina de escrever em que o artista trabalhava na Sociedade Portuguesa de Explosivos, em Lisboa.
Com curadoria da arquiteta especializada em museografia Ceres Storchi, a exposição foi montada, na maior parte, com o acervo particular do casal brasileiro José Paulo e Letícia Cavalcanti.
O pernambucano José Paulo Cavalcanti, além de jurista e colecionador, também é o autor de uma elogiada biografia do poeta, Fernando Pessoa: Uma Quase Autobiografia, publicada em 2010 e já editada em 16 países. Seu acervo foi montado ao longo de uma vida em leilões e pesquisando em sebos e locais ligados à vida do poeta.
– Quando você lê um poema de Pessoa em um livro, é uma coisa, mas é outra completamente diferente encontrar os textos dele nas revistas em que participou, por exemplo, ali no meio de outros artigos e até dos anúncios publicitários – comenta.
Uma dessas revistas presentes na mostra é a Orpheu, marco modernista publicado em 1915 que contava com sua colaboração e de outros de sua geração, como Almada Negreiros e Mário de Sá-Carneiro.
A mostra mistura material específico sobre Pessoa com itens relativos ao contexto geral de Portugal e atrações pensadas para serem fruidas de modo interativo. Há logo na entrada um display que apresenta a casa em que Pessoa morou na juventude, com uma trilha sonora urbana de Lisboa, com pássaros e trens. Há ainda um mapa a ser percorrido com pontos-chave da vida do autor
– É uma atividade pensada não apenas para homenagear Pessoa, mas para apresentá-lo ao púbico – comenta a curadora Ceres Storch.
Fernando Pessoa: a minha arte é ser eu
Santander Cultural (Rua Sete de Setembro, 1.028).
De 24 de outubro até 30 de dezembro
Terças a sábados, das 10h às 19h. Domingos, das 13h às 19h.
Entrada franca.
Seminário Fernando Pessoa: um artista múltiplo
Santander Cultural
24 de outubro, 8 de novembro e 9 de novembro
A partir de 18h30min.
Mesa de abertura hoje com Kathrin Rosenfield, Lawrence F. Pereira e José Paulo Cavalcanti.
Inscrições gratuitas pelo e-mail ecult03@santander.com.br