Claudia Hamerski integra uma leva de jovens artistas gaúchos que vêm guiando sua produção pela experiência do desenho como processo de criação. Não com o objetivo de interpretar o mundo material dominando seus códigos de representação, mas ao encarar o desenho como o próprio meio de vivenciar a realidade externa, em seus menores e mais íntimos detalhes.
A artista faz do traço e do próprio lápis os instrumentos com que dá significado às experiências pessoais que recolhe em seus percursos cotidianos. São espaços de afeto, como Claudia diz, citando o conceito de topofilia do geógrafo sino-americano Yi-Fu Tuan. Vem daí o título da mostra individual que tem inauguração nesta quinta-feira (18/8), às 18h30min, no Margs.
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Nas Salas Negras, são apresentadas mais de 80 obras produzidas desde 2014. Ainda que uma primeira mirada possa despistar, sugerindo serem esses trabalhos gravuras e até mesmo esculturas, em Topofilias o assunto é um tipo de desenho que chama atenção para o processo e as etapas que envolvem sua elaboração.
Andando com câmera fotográfica pelas ruas, Claudia capta fragmentos mínimos e despercebidos, em especial diminutos vegetais. No retorno ao ateliê, superamplia essas imagens e as usa como base para se lançar à liberdade criativa do desenhar, agrupando, para o curador Mario Gioia, "questões muito evidentes sobre as potencialidades do desenho". Claudia comenta:
– Vou trabalhando em cima, desenhando e recriando. O processo dura de uma semana a um mês. Entre o pretendido e o que acontece no final, não é mais representação.
Na exposição, há também trabalhos que a artista elabora ao afinar a ponta do lápis em cima do papel. Os desenhos são formados com o pó do grafite que se fixa em partes da superfície com incisões de estilete, o que gera um vínculo com os processos da gravura.
Outra aproximação se estabelece com a escultura, em trabalhos nos quais Claudia se vale dos próprios lápis e das lascas que sobram ao apontá-los. Esses materiais, originalmente de descarte, são reapropriados na elaboração de objetos que, vistos a certa distância, mais parecem ilustrações de paisagens e horizontes.
TOPOFILIAS
Abertura quinta-feira, às 18h30min. Visitação a partir de amanhã, de terça a domingo, das 10h às 19h. Até 2 de outubro, gratuito.
Margs (Praça da Alfândega, s/nº), em Porto Alegre, fone (51) 3227-2311.