Em 2024, o Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre está completando 80 anos de atividades. Situado no Largo Teodoro Herzl, no Bom Fim, como um anjo da guarda atende 24 horas por dia e é referência máxima no Estado em casos de traumatismo. Não à toa, recebe a maioria das vítimas de acidentes de trânsito, quedas e queimaduras não apenas da Capital, mas também da Região Metropolitana e outros municípios do Interior. No total, a cada ano, são realizados cerca de 120 mil atendimentos, com 2,3 mil internações, 300 mil consultas e 168 mil exames médicos.
Embora o HPS esteja celebrando oito décadas de operações, a origem dos serviços de urgência e primeiros socorros em Porto Alegre remete ao ano de 1898, quando foi inaugurada a Assistência Pública Municipal, no prédio que hoje chamamos de Prefeitura Velha, na Praça Montevidéu. Foi durante a administração do intendente José Montaury e sob a direção do médico Luis Nogueira Flores. Os pacientes eram atendidos no andar térreo do Paço Municipal, com entrada pela porta lateral, onde havia um posto policial. Consta que teria sido um dos primeiros do gênero no Brasil.
Os registros indicam que, para as necessidades da época, era bastante satisfatório — além de médicos e atendentes capacitados, havia instrumentos para suturas, talas para fraturas, perdas de sangue e drenagens. Afora isso, dispunha de “ambulâncias” — na realidade, veículos de transporte com tração animal para buscar os pacientes. Como se não bastasse, a unidade também se encarregava do sepultamento de indigentes, providenciando, inclusive, esquifes para os atos fúnebres.
Na década de 1920, já na administração de Otávio Rocha, ela foi transferida para a Rua José Montaury. Como aqueles eram tempos de grandes transformações viárias em Porto Alegre, não ficou muito tempo ali. O prédio em que estava abrigada foi um dos que precisaram ser demolidos para a abertura da Avenida Borges de Medeiros (obra concluída em 1935).
A assistência foi, então, deslocada para a Rua Coronel Vicente, na esquina com a Comendador Manoel Pereira. Já naquela época, era totalmente gratuita, mas limitava-se ao atendimento inicial. Para a continuidade do tratamento, as pessoas eram mandadas para outros hospitais. Além disso, a essa altura, com o crescimento da demanda, faltavam aparelhos e pessoal treinado em quantidade suficiente para dar conta do trabalho.
A partir dessa constatação, em 1939, o médico Bruno Atílio Marsiaj, diretor da Assistência Pública Municipal, sugeriu ao prefeito José Loureiro da Silva a construção de um hospital que reunisse atendimento, ensino e produção cientifica. Foi assim que surgiu o Hospital de Pronto Socorro, em 19 de abril de 1944. Recentemente, a prefeitura lançou o projeto do novo HPS, que inclui a construção de um prédio de oito andares, com a abertura de até 110 novos leitos, os quais se somarão aos 95 hoje existentes, totalizando investimentos de R$ 140 milhões. A previsão é de que a nova estrutura esteja em operação em 2028.