As escavações durante revitalização do Porto Histórico de Rio Grande revelaram objetos usados no século 19 e um cais de pedra construído há mais de 150 anos.
A cidade mais antiga do Estado guarda em suas ruas uma parte valiosa do passado e da história da região. Durante a revitalização do Porto Histórico, localizado na Rua Riachuelo, no centro de Rio Grande, as equipes responsáveis pelas escavações encontraram mais de 3 mil objetos ou pedaços de utensílios usados no passado.
Entre os achados arqueológicos, destacam-se louças, vidros, frascos de remédios, metais, sapatos de variados modelos e tamanhos, artefatos relacionados à navegação e uma variedade de objetos de uso cotidiano, como cachimbos de caulim (um tipo de minério), facas, botões, chaves e pedaços de vestuário que nos permitem compreender os costumes e um pouco da cultura da época.
As garrafas, por exemplo, estão associadas ao transporte e ao consumo de vinho, que durante o Brasil colonial era uma das bebidas mais consumidas. Também foram encontradas garrafas de cerveja, que, segundo o coordenador do licenciamento arqueológico da empresa Archeos, que presta consultoria para a prefeitura, Luiz Alberto Silveira, eram compradas pelas camadas mais abastadas da sociedade. “Era preciso ter poder econômico para comprar e levar para casa uma garrafa de cerveja na época, um produto que as pessoas não tinham muito tempo para consumir em função da conservação, já que a cerveja ainda não passava pela pasteurização”, explica Silveira.
A maioria desses itens encontra-se fragmentada e está sendo analisada em laboratório para ser exibida em uma exposição no Museu Iberê Camargo, em Porto Alegre, marcada para o dia 14 de agosto. A intenção é de que a população conheça um pouco mais sobre a história que estava escondida sob o solo de Rio Grande.
“Os artefatos encontrados mostram como vivia a sociedade rio-grandina. Nós queremos mostrar para a população a importância do nosso patrimônio sociocultural para que os jovens possam apreciar e aprender com o passado”, destaca o prefeito da cidade, Fábio Branco
O velho cais foi construído em 1870, ao lado do prédio da alfândega. Com seis metros de profundidade e uma estrutura toda em rocha de granito, foi a solução encontrada para facilitar a atracagem no porto e uniformizar a chegada das cargas, facilitando também a fiscalização das embarcações. Equipado com guindastes com trilhos, iluminação e encanamento, representou uma grande evolução para a época e teve seu tempo de glória até meados de 1920, quando foi aterrado para dar lugar a um novo porto mais moderno, que atualmente é utilizado para embarcações de pequeno porte.
As obras na Rua Riachuelo, que darão uma cara nova para a antiga região portuária, começaram em fevereiro deste ano e devem terminar em janeiro de 2024. A região será um novo ponto turístico da cidade, com áreas de lazer, paisagismo e ciclovias. Para realizar a revitalização, a prefeitura foi contemplada pelo programa Avançar no Turismo, do governo do Estado, que vai investir R$ 2,5 milhões, enquanto a prefeitura arca com R$ 450 mil. A ideia é mostrar a importância da preservação do patrimônio histórico e cultural e garantir que essas recordações sejam mantidas vivas, como testemunho, para as gerações futuras.
Colaborou Ana Rita Assumpção