José Elias Flores nasceu no dia 8 de junho de 1932 (há exatos 90 anos), em Santa Cruz do Sul, cidade localizada no Vale do Rio Pardo, interior do Rio Grande do Sul. Após perder o pai, ele se mudou com a mãe ainda jovem e sem recursos para a cidade de Bagé.
Aos 10 anos de idade, já trabalhava como engraxate, vendedor de jornais, bilhetes lotéricos e também vendia pastéis para ajudar no sustento da família, contando sempre com a ajuda de seu irmão Percival Flores. Começou a frequentar, gratuitamente, os estudos à noite no Colégio Nossa Senhora Auxiliadora. Depois de um ano, ele conseguiu conciliar os estudos com o trabalho de carregador de malas na rodoviária de Bagé.
Em 1945, José Elias chegou em Porto Alegre, onde passou por diversas profissões. Começou como office-boy de uma farmácia, depois como estafeta (entregador de telegramas) na antiga Western Telegraph Company. Ele também atuou como carregador de caminhões, empacotador, vendedor e viajante até se tornar corretor de imóveis — profissão que o levou a grandes conquistas.
Com investimento no ramo, iniciou sua história de empreendedorismo na Capital vendendo terrenos no chamado Beco do Carvalho, localizado na Avenida Ipiranga. Com o dinheiro das comissões, comprou terrenos pouco atraentes na época, próximo à Rua Antônio de Carvalho. Naquele empreendimento, José Elias fundou o Consórcio Riograndense de Construção e Urbanização, denominado mais tarde como Cortel S/A.
A empresa atuava em projetos de urbanização, terraplenagem e na abertura de açudes. Assim surgiu o plano de construir 2 mil casas populares; um projeto que atraiu a atenção do prefeito, do governador e até do presidente da República, todos interessados no empreendimento, construído com infraestrutura de qualidade e que havia sido o primeiro projeto aprovado pelo então Banco Nacional da Habitação (BNH).
O empresário recebeu um convite para realizar a venda de um grande lote de terras, desde que aceitasse receber participação em um novo cemitério, no ano de 1970. A área do local era no antigo campo do Esporte Clube Cruzeiro, a chamada Colina Melancólica. Aceitou a proposta e construiu o Cemitério Ecumênico João XXIII, em concreto armado. Foi o primeiro cemitério vertical do país e, na época, o mais alto do mundo. Desde então, a opção por seguir atuando no ramo foi natural.
José Elias construiu o Cemitério Parque São Vicente, em Canoas, o Cemitério Ecumênico São Francisco de Paula, em Pelotas, o Memorial Ecumênico Cristo Rei – Cemitério Parque, em São Leopoldo, o Cemitério Parque Memorial da Colina, em Cachoeirinha, e o Cemitério São José, em Porto Alegre. Em 1997, ele inaugurou o primeiro crematório da região sul do país, em São Leopoldo. Em 2003, o serviço de cremação chegou na Capital com o Crematório Metropolitano São José. Dois anos após, foi a vez de Viamão receber o Crematório e Cemitério Parque Saint Hilaire — estabelecido em uma área com paisagens naturais.
Mas não foram apenas em empreendimentos privados que José Flores investiu. Ele também foi líder de movimentos que reuniram proprietários das zonas leste e norte da Capital. Por meio dessa ação, conquistou melhorias estruturais nos bairros daquelas regiões. Por conta da sua luta, foi implantado o complexo de abastecimento de água dos bairros Alto Petrópolis e Sarandi, que beneficiou do bairro Agronomia até a Vila Santa Rosa, com contribuição de 60% do custo das obras feita pela comunidade.
O primeiro asfaltamento da Avenida Antônio de Carvalho foi iniciado por ele, que liderou as tratativas da implementação de uma linha de ônibus para atender a área; o mesmo ocorreu no trecho da Avenida Protásio Alves até a Avenida Manoel Elias.
O trabalho e pioneirismo do empresário fizeram com que ele recebesse, em 1993, o título de Cidadão de Porto Alegre. Presidente por vários anos do Conselho de Cidadãos Honorários e Eméritos da Capital, José Elias Flores faleceu no dia 26 de dezembro de 2012, aos 79 anos de idade.