Monumentalidade, estética, criatividade, funcionalidade e adequação ao ambiente foram os critérios que pautaram a escolha do projeto vencedor para a travessia do Guaíba, há mais de 65 anos. Mesmo tanto tempo depois — e apesar do desgaste natural —, a harmonia do conjunto torna-se clara; essa grande obra é, sem dúvida, a materialização do ideário moderno nas suas refinadas linhas e com a sofisticada tecnologia de então. De um lado, as rampas conduzem ao anel de acesso às pontes que, em suave aclive de vias entrelaçadas, alcançam o nível da estrada sobre o canal Navegantes. Essas vias-rampas são sustentadas por elegantes pilares de seção circular dispostos em ritmo contínuo e regular.
Além de cumprir, durante muito tempo, sua função essencial no sistema de saída e circulação a partir de Porto Alegre, essa obra possui alto significado simbólico. Não por acaso ainda ocupa papel de destaque como um dos principais cartões-postais da capital gaúcha.
Até a década de 1950, a travessia que dá acesso ao sul do Estado era feita por balsas que saíam da Vila Assunção, na zona sul de Porto Alegre. Com a saturação do sistema por balsa, a partir de 1953 começou-se a discutir alternativas. Foram apresentados 12 projetos de cinco empresas.
A proposta vencedora foi a de uma série de pontes que aproveitasse o apoio que as ilhas do delta ofereciam. O projeto foi elaborado na Alemanha em 1954 e analisado no Laboratoire Dauphinois d’Hidraulique, em Grenoble, na França. O contrato foi assinado no dia 26 de outubro de 1954 pelo governador Ernesto Dornelles. A obra iniciou quase um ano depois, no dia 20 de outubro de 1955. A construção teve cerca de 3,5 mil operários envolvidos na obra.
A Ponte do Guaíba — ou Ponte Getúlio Vargas — possui um vão móvel, sendo a primeira de quatro pontes da Travessia Régis Bittencourt, com extensão total de 7,7 quilômetros. O vão móvel eleva um trecho de pista de 58 metros de extensão e 400 toneladas de peso a uma altura de 24 metros (cada torre tem 43 metros até a base, sob a água). Este vão é içado para possibilitar a passagem de navios de maior porte. A operação de içamento do vão móvel começa quando o navio está a cerca de 1 quilômetro de distância, porque, caso ocorra algum problema na ponte, o navio terá tempo de evitar uma colisão. A duração em que o vão fica erguido dura, em média, 20 a 25 minutos. Quando foi construída (década de 1950), era considerada a maior obra de engenharia do país.
A ponte foi inaugurada, com um único acesso, no dia 28 de dezembro de 1958, durante o governo de Ildo Meneghetti. Foi no governo de Leonel Brizola que os outros acessos foram concluídos.
Em 2014, começou a ser construída uma nova ponte, cujo eixo principal foi inaugurado no dia 10 de dezembro de 2020.
Fonte: Livro 'A Ponte do Guaíba' (2007), Marcos Carrilho Arquitetos