A leitora Maria Cristina Cristane Michel, enviou-nos a seguinte mensagem:
“Na coluna da Juliana Bublitz, na Zero Hora do dia primeiro de fevereiro, foi mencionado que a CasaCor RS deste ano será no histórico prédio erguido por Pedro e Ilza Chaves Barcellos. Este prédio fica na Rua Dona Leonor, bairro Rio Branco. Ocorre que moramos próximos a este local e da janela do nosso apartamento conseguimos visualizar parte deste prédio. Sempre tivemos muita curiosidade em saber como ele seria no seu interior. O Almanaque Gaúcho não poderia fazer uma reportagem, contando a história e as curiosidades deste casarão? Achamos que seria bem interessante”.
De fato, Maria Cristina, a edição deste ano da CasaCor RS, prevista para acontecer nos meses de agosto, setembro e outubro, ocupará o antigo prédio, de arquitetura eclética, erguido em 1923, que abrigava e educava meninas órfãs e carentes. A escola se chamava Pia Instituição Pedro Chaves Barcellos.
Na época, o atual bairro Rio Branco era pouco habitado e conhecido como Colônia Africana, devido a grande quantidade de moradores negros que povoaram a região ainda periférica, rural e bucólica, após a Abolição da Escravatura, nos últimos anos do século 19 e nas primeiras décadas do século 20. A imponência do prédio ficava ainda mais evidente em relação ao entorno com casas baixas e modestas.
A ata de fundação registra os princípios estabelecidos: “servir por séculos para o bem de órfãs e crianças realmente pobres, para que recebam uma educação sólida, capacitando-se para levarem uma vida honesta e se tornarem membros úteis da sociedade”. A obra seria resultante de uma promessa feita por Pedro Chaves Barcellos e levada adiante por irmãs franciscanas. A ata de doação prevê que a instituição permanecerá sempre dedicada a “caridade em larga escala”.
Em dezembro de 2004, a Zero Hora noticiou: “Instalada a oito décadas, a escola Pia Instituição Pedro Chaves Barcellos fechará as portas no final deste ano. A tristeza de 90 alunos de segunda a quarta série – hoje matriculados – representará a alegria de crianças da Vila Piratini, uma das mais pobres de Alvorada, para onde parte do projeto assistencial será transferido”.
“Queremos atender as crianças que mais necessitam, estar no meio dos pobres. Com o passar dos anos, essa área ficou muito próxima do Centro, muitos que estão estudando aqui teriam condições de estudar em outros lugares” disse, então, a irmã Benísia Hoffmann, presidente da Sociedade Caritativa e Literária São Francisco de Assis – mantenedora da escola.
A mudança também foi influenciada por questões financeiras. A instituição tinha dificuldades em manter o grande prédio de três andares doado pela família Chaves Barcellos, e a ideia era alugá-lo. Quando foi fundada, a instituição se dedicava ao acolhimento de órfãs. Anos mais tarde, passou a atender crianças pobres em regime de internato. Em 2004, atendia alunos nos turnos da manhã e tarde, com atividades como música e bordado.
Com a abertura ao público, por ocasião da CasaCor, Maria Cristina, e quem se interessar, poderá conhecer o majestoso casarão com suas largas escadarias, pisos de madeira ou ladrilhos, e a riquíssima capela neogótica (muito bem preservada), que poderá ser vista pelos visitantes por meio do mezanino da casa.
O prédio está situado num dos pontos altos de Porto Alegre e tem uma linda vista da cidade, emoldurada pela natureza abundante.
É importante ressaltar que a prefeitura de Porto Alegre (atual proprietária do imóvel) ainda está analisando a possibilidade de ceder o imóvel para o evento.