Nesta terça-feira (9), às 16h, na Praça de Autógrafos da Feira do Livro de Porto Alegre, haverá o lançamento do livro Encontro de 2 sonhos: Utopia e Terra Sem Mal (Editora Edigal, 260 páginas, R$45), de autoria do professor Sergio Venturini. A professora de Língua Portuguesa e Literatura, em São Luiz Gonzaga, Ivone Avila nos enviou o texto a seguir e uma mensagem confiante sobre a importância desse trabalho.
“O livro do professor Sergio, que não é são-luizense, mas trabalhou muitos anos em nossa cidade, é uma verdadeira mina de informações (antigas e atuais). Pesquisador e entusiasta da obra jesuítico-guarani, ele perambulou pelos antigos domínios missioneiros por muitos anos. E o mais extraordinário: fez esses circuitos a pé, com uma mochila nas costas e com o intuito de reviver as empreitadas dos indígenas daquela época. Nesses circuitos (foram quatro jornadas), conheceu lugares, passagens, escolas, pessoas ligadas à pesquisa e ao ensino, visitou museus, casas de cultura, proferiu palestras a pedido de seus amigos como Alejandro Larguia e Oscar Padrón Favre, além de outros, e visitou inclusive a senhora Carmen Acuña Nuñez, descendente (12ª geração) de uma irmã do padre Roque Gonzales”.
São Luiz Gonzaga é uma cidade com amplo referencial histórico, pois é oriunda da fase jesuítico-missioneira do século 17. Fundada em 1687 pelo padre Miguel Fernandez, com 2.922 indígenas guarani vindos de Nuestra Señora de La Concepción, na Argentina, a cidade viveu uma experiência fantástica em termos de desenvolvimento em vários sentidos.
Com base na análise de documentos e livros sobre a região das Missões do século 17 e 18, o professor Sergio Venturini escreveu seu novo livro. Nele, o investigador de história, faz uma ampla viagem pelo cenário dos trinta povos jesuítico-missioneiros, a fim de elencar motivos e justificativas da fundação dessa contribuição educacional, religiosa e econômica dos missionários jesuítas e dos indígenas da etnia guarani para esta região.
Além disso, o autor analisa os motivos que levaram ao término daquela experiência. São mais de 20 anos de andanças pela região missioneira dos 30 povos, em longas caminhadas conhecendo a geografia da área e pesquisando de modo particular: falando com quem conhece a cultura guarani e o trabalho dos jesuítas; pernoitando nas casas de historiadores residentes nos antigos povos missioneiros para receber informações sobre cada um deles e visitando os antigos sítios arqueológicos das Missões.
O foco de sua escrita é a inserção feita por ele na Utopia (Thomas Morus) que, segundo sua pesquisa, teria embasado a obra dos jesuítas, e a busca da “Terra Sem Mal”, que entusiasmava os indígenas em sua trajetória para o fortalecimento de sua experiência sob comando dos padres. Do cruzamento dessas duas ideias nasceu seu livro.
Ao longo de sua narrativa, o professor apresenta o resultado de sua caminhada pelo atual território da Argentina, do Paraguai, do Brasil e do Uruguai. Foram muitos quilômetros a pé, a fim de conhecer e reconhecer os locais onde se abrigavam as Missões, além de muitas entrevistas com caciques e indígenas em aldeias guaranis no RS, na Argentina e no Paraguai. O professor conviveu com parentes dos antigos padres e também com indígenas que mencionavam, por tradição oral, sobre aquela experiência religiosa.
Durante sua peregrinação, hospedou-se em colégios jesuítas nos países que passou, fazendo pesquisas no território das Missões. O trajeto foi de San Ignácio Guazú, no Paraguai, até Caaró, no Estado – território palmilhado por Roque González de Santa Cruz, fundador das reduções que deram origem à história do RS, vinculada à cultura europeia, a partir de São Nicolau do Piratini –, e o percurso de Assunção, no Paraguai, a Buenos Aires, na Argentina (sedes de autoridades espanholas a que as Missões estavam subordinadas).
A experiência jesuítica nas Missões dos sete povos foi tão produtiva e feliz que, na memória dos guaranis, ficaram lembranças positivas. Segundo Saint-Hilaire: “Muitos guaranis se lembram de ter ouvido seus pais ou avós deles dizendo que, quando esses religiosos administravam a região, foi o tempo da felicidade”.
Essa é apenas uma das tantas informações que constam no livro de Sergio Venturini. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (55) 99975-8782.