Nessa foto aérea, da década de 1950, aparece a Usina Termoelétrica (com a sua característica chaminé), o grande prédio branco da Casa de Correção, construído entre 1852 e 1855, que foi o principal estabelecimento penal da Capital por mais de um século, e, em primeiro plano, o Gasômetro, com seus tanques circulares de ferro.
A Casa de Correção — ou Cadeião (como era chamado) —, foi um edifício tão marcante na geografia da cidade que a própria ponta de terra onde foi erguido passou a ser conhecida como a Ponta da Cadeia pelos navegantes do Guaíba. Nessa penitenciária, existiam oficinas de marcenaria e serralheria, além de outros ofícios, com os quais os presos ocupavam-se em trabalhos de boa reputação, numa louvável recuperação social.
Em meados do século 20, porém, a população carcerária crescera além da medida e da capacidade da casa, fazendo com que as condições e instalações se tornassem precárias e subumanas, dando margem a uma campanha da imprensa em favor da sua demolição. Em 25 de abril de 1962, o prédio foi dinamitado e a cidade perdeu um referencial arquitetônico e paisagístico que, embora triste, era historicamente muito relevante.
A usina, transformada em um centro cultural desde 1991, foi inaugurada para produção de energia elétrica em 11 de novembro de 1928. A chaminé de 117 metros de altura foi construída em 1937, a fim de amenizar os problemas causados pela emissão de fuligem.
O verdadeiro Gasômetro — nome pelo qual toda a área é até hoje conhecida — foi uma outra usina instalada também na beira do Guaíba para a geração de gás hidrogênio-carbonado, usado na iluminação pública e também para fornecimento em moradias particulares. Em 1870, foi constituída a São Pedro Gaz Company Limited, que começou a funcionar quatro anos depois na iluminação pública. A São Pedro Gaz Cia Ltda foi sucedida pela Companhia Rio-Grandense de Iluminação a Gás, que explorou o serviço até 1909, quando foi encampado pela Intendência Municipal. As instalações foram modernizadas e as obras ficaram prontas em 1911. Até 1928, a Intendência gerenciou a usina, quando, então, a Cia Brasileira de Força Elétrica — subsidiária da Bond & Share — assumiu o serviços de geração e distribuição de eletricidade e gás na Capital. Os últimos lampiões de gás da cidade desapareceram por volta de 1930.
O abastecimento encanado para fogões e aquecedores domésticos, embora modesto, continuou. Em dezembro de 1952, eram apenas 3.358 consumidores e, os serviços, superados pelo gás liquefeito de petróleo, distribuído em bujões metálicos, não tardou a ser extinto.