“Karl von Koseritz, Wilhelm Rotermund e Theodor Amstad podem se considerados as três primeiras lideranças mais marcantes da população de alemães e de descendentes que ajudaram a construir o Rio Grande do Sul a partir de 1824, quando chegaram os primeiros imigrantes.”
Com essas palavras, René E. Gertz abre o texto da orelha do livro Wilhelm Rotermund, Seu Tempo – Suas Obras (Oikos Editora, 184 págs), de autoria de Martin N. Dreher. Gaúcho de Montenegro, nascido em 1945, Dreher é professor, graduado em Teologia e doutor em História da Igreja. Gertz, assim, de imediato, já deixa muito clara a importância de se conhecer a biografia de Rotermund, esse alemão que chegou ao Brasil em dezembro de 1874, já casado com Marie Brabandt.

Formado em Teologia e doutor em Filosofia por universidades alemãs, Rotermund era pastor luterano, professor e jornalista. Foi um defensor incansável da liberdade de religião e dos interesses da população evangélica de origem alemã em nosso Estado perante as autoridades e a sociedade em geral. Ele e a esposa chegaram a São Leopoldo num período conturbado, poucas semanas após o desfecho do conflito que levou ao extermínio da comunidade religiosa e messiânica dos Muckers, chefiada por Jacobina e João Maurer e derrotada depois de diversos confrontos com militares e colonos contrários aos revoltosos.
O casal Wilhelm e Marie chegou, portanto, sob mau tempo, já que os habitantes da região haviam estado profundamente envolvidos na questão, tanto de um lado como de outro.
Um dos principais papéis desempenhados por Wilhelm foi o de educador. Introduziu em sua comunidade uma espécie de ensino obrigatório e apostou forte na formação escolar. Em 1877, coordenou e editou, por meio da gráfica que dirigia, uma cartilha para auxiliar professores e alunos. Muitos outros livros didáticos também foram por ele produzidos, para estimular os estudantes descendentes de imigrantes alemães no Brasil.
Em 1878, editou uma cartilha que buscava melhorar a pronúncia do português nas escolas da imigração. Publicou, ainda, em 1879, A Orthoepia da Língua Portugueza, com exercícios para as escolas alemãs no Brasil.

Como jornalista, foi redator, de 1875 a 1878, do jornal Der Bote, de São Leopoldo, tendo, em 1878, adquirido o parque gráfico do jornal. Depois, foi fundador e editor do jornal Deutsche Post, que circulou de 1880 a 1928. Também é o fundador da firma W. Rotermund, existente até hoje, uma das maiores gráficas particulares do país. Em 1886, foi um dos fundadores do Sínodo Rio-Grandense, que reunia diversas comunidades luteranas do Rio Grande do Sul, o qual presidiu por vários anos.
Wilhelm e sua esposa vieram para ficar pouco tempo em nosso país e aqui chegaram também por motivos de saúde, na esperança de plena recuperação de uma tuberculose adquirida por ele ainda na Europa. Ele só voltou ao país de origem, no entanto, por duas vezes, em visita. Wilhelm Rotermund fez questão de ser brasileiro, naturalizando-se em 1887. Morreu, de câncer, em São Leopoldo, no dia 5 de abril de 1925.
Nesta segunda-feira (5), portanto, completa-se 96 anos de seu falecimento. Marie morreu sete semanas mais tarde. Eles tiveram 10 filhos. As cinzas do casal foram colocadas na parede leste (junto ao altar) da Igreja de Cristo, em São Leopoldo, no dia 15 de novembro de 2015, como forma de homenagear o idealizador daquele templo inaugurado em 15 de novembro de 1911.