Nosso leitor Gustavo Felipe Pazzinato Pezzini, de Passo Fundo, ao examinar o acervo do seu falecido avô, Dalvino Pazzinato, encontrou diversos cartões postais com cenas que mostram Porto Alegre no final dos anos 1920 e/ou na década de 1930. Gentilmente, Pezzini enviou ao Almanaque cópias do seu achado. Um desses postais é este da foto (ao lado) da Praça da Alfândega, uma das mais antigas da Capital e que já foi conhecida como Praça da Quitanda, no século 18, mas que, com a construção de um trapiche/ desembarcadouro, em 1804, e de um prédio próprio para a alfândega, em 1820, passou a ser chamada pelo nome atual.
Como as águas do Guaíba chegavam até aquele lado da praça, onde hoje é a Rua 7 de Setembro, foi construído ali, entre 1856 e 1858, um paredão e uma escadaria de acesso ao rio, para facilitar a chegada e partida de passageiros de embarcações, além de produtos que vinham por via fluvial. Posteriormente, a margem foi levada com aterro até o local em que agora se encontra, no cais da Avenida Mauá.
Em 1883, a praça ganhou o nome de Praça Senador Florêncio, em homenagem Florêncio Carlos de Abreu e Silva, falecido em 1881. Em 1933, o logradouro ganhou a estátua equestre do General Osório. A foto que publicamos hoje foi obtida mais ou menos nessa época; o monumento já está ali, embora escondido por uma árvore. Observa-se que o grande edifício do Cine Imperial, de 1931, um dos primeiros arranha-céus da cidade, marca sua presença com publicidade dos fogões e camas da metalúrgica Wallig (“a marca que domina”), e identificado, ainda, como sendo propriedade da Previdência do Sul, conforme pinturas em sua grande parede lateral. O outro prédio alto é o do Grande Hotel, na esquina da Rua dos Andradas com a Caldas Júnior, onde hoje temos o Rua da Praia Shopping.
Outros detalhes interessantes da imagem são: no alto, à esquerda, está o Palácio Piratini e a concha acústica do antigo Auditório Araújo Vianna, que cedeu seu espaço para a construção do prédio da Assembleia Legislativa.
Na lateral direita da foto, as torres da Igreja Nossa Senhora das Dores se erguem na linha do horizonte. Logo abaixo da igreja se vê o antigo edifício, em forma de castelinho, da Caixa Econômica Federal.
O casario à esquerda do prédio do Cine Imperial daria lugar, nos últimos anos da década de 1930, ao edifício do Clube do Comércio. Constata-se, ainda, que algumas poucas árvores já são grandes, mas muitas aparecem como mudas recém plantadas. O povo, aglomerado no canto inferior direito da cena, postado em pé na calçada da Rua 7 de Setembro, assiste a um desfile militar de lanceiros cavalarianos.
Por força da Lei Municipal nº 4.563, de 28 de maio de 1979, a Senador Florêncio voltou a se chamar Praça da Alfândega.
Fonte: livro Porto Alegre: Guia Histórico, de Sérgio da Costa Franco