Nesta quarta-feira (23), faz 47 anos que ocorreu, em Porto Alegre, o primeiro Baile dos Magrinhos, portanto, é dia de celebrar. O Almanaque Gaúcho convidou ninguém menos que Antônio Carlos Galante Contursi (o Cascalho, como acabou conhecido) para contar essa saga. Poucos sabem que, antes de ser o Cascalho, Contursi (filho de Carlos Contursi, que era fotojornalista e ex-assessor do governador Brizola) tinha a alcunha, colocada por Cândido Norberto, de Joãozinho Monstro, devido, é claro, a sua incansável performance de pirralho travesso. Agora, aos 70 anos, casado com Maria Amélia, pai de José Vicente, Fernanda e Carolina, ele é também avô de Antônia, Marina e Valentina. Fala, Cascalho.
Meu programa fazia muito sucesso na 1120 Rádio Continental, emissora do Sistema Globo de Rádio. Uma rádio moderna, transgressora, irreverente. Uma opção quase impossível para a época, mas, graças à liderança de Fernando Westphalen, o Judeu, e Marcos Aurélio Wesendonk, ela aconteceu!
Nos domingos de Porto Alegre, na praia de Ipanema, aconteciam encontros de jovens numa casa de chá, sempre às 18h. Eles ligavam na rádio e o meu programa, fazia todos dançarem. Em um desses encontros, alguém disse “faz uma festa, Cascalho”, e levei a ideia adiante.
Assim comecei a procura por clubes e lugares, até que cheguei no Sava Clube, na Vila Assunção, que liberou o horário das 19h, aos domingos, para a festa acontecer. No dia 23 de setembro de 1973, começava o primeiro de uma série de bailes ali no Sava. Em seguida, após minha estreia no Jornal do Almoço, da TV Gaúcha (RBS TV), o baile foi solicitado por muitas cidades do interior do Estado.
O primeiro baile fez tanto sucesso que o segundo aconteceu menos de um mês depois, no dia 14 de outubro de 1973. Momento único da minha vida, diversão e alegria para quem merecia, num momento difícil para os jovens! E assim levei essa estrutura com 2 mil watts de som para todo o RS com o nome de Baile dos Magrinhos, inclusive a cidades da fronteira como Uruguaiana, em que os hermanos chamavam de “Baile dos Flacos’” sucesso internacional. kkkk...
Trabalhavam comigo DJs como Claudinho Pereira e Miguel Petry, sempre sendo atração, iluminadores, técnicos de efeitos sonoros, seguranças, enfim, uma galera enorme e ousada, tudo com patrocínio da multinacional Pepsi. O jingle que eu usava na abertura dos bailes, cujo o refrão era “só tem amor quem tem amor pra dar” (Sá, Rodrix, Guarabira).
Os bailes aconteceram em clubes da Grande Porto Alegre e de Bento Gonçalves, Caxias, Farroupilha, Garibaldi, Veranópolis, Uruguaiana, Bagé, Cachoeira, Lajeado, Estrela, Montenegro, Passo Fundo, Novo Hamburgo, Campo Bom, São Leopoldo, Soledade, Osório, Capão da Canoa, Tramandaí, entre outros lugares. De 1973 a 1983, conhecendo o Estado e animando a galera! Os recordes de público foram registrados em Uruguaiana e Capão da Canoa: as casas fecharam as portas com 3 mil pessoas.
A frequência média aproximada era de 2 mil pessoas. Distribuía a camiseta que eu usava, dos patrocinadores Pepsi e Gaúcha Car. As músicas eram soul music, rock e as dançantes. Tinha, ainda, o programa da Rádio, o Cascalho Time.
Colaborou Jorge Silva