Nesses tempos de confinamento e de notícias praticamente monotemáticas, em função da crise sanitária, é legal constatar que tem gente que sempre foi capaz de encarar com bom humor e persistência os mais diversos desafios individuais que se apresentam. E mais do que isso: levar e concentrar, em sua própria casa, uma série deles, na forma concreta de quebra-cabeças. Estou falando de pessoas como Virgilio de Lorenzi Canever Filho, de quem recebemos a seguinte mensagem.
“Sou um grande colecionador de quebra-cabeças, sendo provavelmente minha a maior coleção deles em termos de Brasil. Tanto é assim que já estou gestionando, junto ao Guinness Book, para verificar isso até mesmo em termos mundiais. Minha coleção não é daqueles de formar figuras com determinadas peças, e sim daqueles quebra-cabeças de raciocínio. Ou seja, tenho os de madeira, os de vidro, os de plástico, os de papel, os de arame e os de metal. Em resumo, tudo o que se possa imaginar nessa área, eu tenho. Além dos cubos mágicos comuns, tenho outros de 3x3, 4x4, 7x7 e 11x11, e de todos os formatos possíveis: quadrados, retangulares, hexagonais,octogonais etc.
Como não adianta ter uma coleção tão bonita e ninguém poder ver, estou planejando fazer algumas exposições. Obviamente, se algo assim fosse noticiado, em muito me ajudaria neste intento, que não visa a lucro algum, a não ser o entretenimento. Tenho também centenas de quebra-cabeças escritos, os quais, se não têm visual, são daqueles que nos ajudam, e muito, a nos distrair nesses tempos de quarentena.”
Virgilio, 70 anos, é funcionário aposentado do Banco do Brasil, professor de História e de xadrez. Ele mantém em sua residência uma sala de jogos que, além de uma mesa de sinuca e outra de pebolim (fla-flu), conta com prateleiras e gavetas recheadas de seu principal foco de lazer: quebra-cabeças. Nascido em Bento Gonçalves, na serra gaúcha, mas morador de Caxias do Sul há muito tempo, o professor revela que sempre gostou de matemática e de resolver problemas. A coleção foi nascendo naturalmente, já que ele sempre aproveitou viagens pelo Brasil ou pelo Exterior para adquirir novas peças. Amigos e parentes, sabendo da sua paixão, também aproveitaram datas comemorativas como aniversário, Natal ou Dia dos Pais para ampliar o acervo.
Casado com Elizabeth, e pai da advogada Vanessa, 42 anos, da arquiteta Cátia, 40, e do médico Claiton, 38, Virgilio também se dedica a escrever: já publicou dois livros e está trabalhando em um terceiro. Um deles, Nem Tudo é Relativo, é uma reunião de contos que inclui, não por acaso, o tema dos quebra-cabeças.
Perguntado sobre o número de itens da sua coleção, ele responde: “A quantidade é imensa, porém é difícil responder com exatidão, pois há muitos que, embora tenham a mesma solução, são de formatos, tamanhos ou cores diferentes. Além disso, tenho centenas por escrito, tipo charadas, que são numeradas, impressas e plastificadas. Esta, por exemplo: como é possível andar mil metros para o sul, depois mil metros para o leste e em seguida mil metros para o norte, e chegar exatamente ao mesmo ponto de partida?
A resposta: se você começar o trajeto sugerido estando exatamente no polo norte, obrigatoriamente retornará ao ponto de partida.
Existe outra solução possível. Quem quiser descobrir qual é ela pode enviar e-mail para o endereço virgiliocanever@yahoo.com.br