Nesta terça-feira (7/1) comemora-se o Dia do Leitor, data criada em 1984 para homenagear o jornal O Povo, de Fortaleza, fundado pelo poeta e jornalista Demócrito Rocha em 7 de janeiro de 1928. Em sua primeira fase, o diário trazia encartado aos domingos o suplemento Maracajá, espaço de divulgação da obra de autores modernistas do Nordeste, a exemplo de Rachel de Queiroz.
No Rio Grande do Sul, a principal referência de leitura é a Biblioteca Pública do Estado, aberta pela primeira vez ao público em 21 de janeiro de 1877 no prédio do antigo Liceu, na esquina das ruas Duque de Caxias e Marechal Floriano, no centro da Capital. No primeiro ano, com um acervo de 1.809 obras, atendeu 1.483 leitores. Hoje, a BPE conta com uma coleção de 240 mil volumes e recebe 48 mil visitas anuais.
A Biblioteca funcionou ainda em outros locais até se instalar, em 1915, no edifício atualmente tombado como patrimônio histórico e artístico estadual e nacional, na esquina das ruas Riachuelo e General Câmara. Por alguns anos, a BPE abrigou a sede do governo do Estado, até ser concluída a construção do Palácio Piratini, em 1921. Nesse período, Borges de Medeiros despachava no Gabinete da Presidência do Estado diante de uma mesa de estilo Luís XIV, cópia da mobília do Palácio de Versailles.
Aliás, o casarão de três andares projetado pelo arquiteto Alphonse Herbert respira arte e história. Na fachada neoclássica, bustos de patronos do calendário positivista, uma das principais correntes filosóficas da época, como os de Aristóteles, Júlio César, Carlos Magno, Guttemberg e Descartes, espiam o movimento de automóveis e transeuntes nas cercanias da Praça da Matriz.
No ambiente interno, um dos destaques é o Salão Mourisco, com decoração inspirada no Palácio de Alhambra, de Granada, na Espanha. Pintado de dourado, com mobiliário e luminárias em estilo gótico florentino, o salão ostenta bustos de Camões, Shakespeare, Dante e Homero, além de uma serpente sinuosa sobre um pedestal em mármore azul com colunas duplas. A escultura de uma esfinge e bustos dos líderes positivistas Júlio de Castilhos e Borges de Medeiros completam a decoração.
O Salão Mourisco é o cenário da programação cultural aberta ao público da BPE, realizada de março a dezembro, com lançamentos de livros, palestras, oficinas, feiras e recitais de música erudita, além do Chapéu Acústico, projeto que apresenta espetáculos de jazz e MPB instrumental.
Para comemorar o Dia do Leitor, a Biblioteca Pública do Estado promoverá uma leitura em voz alta do livro Max e os Felinos (L&PM Editores, 1981), de Moacyr Scliar, com entrada gratuita, no próximo dia 14 de janeiro, a partir das 16h30min, no Salão Mourisco. A ação será coordenada pela professora Luiza Milano, do Instituto de Letras da UFRGS.