Desde a década de 1930, a comunidade de São Luiz Gonzaga almejava a construção de uma escola para as moças, de preferência, sob a orientação de religiosas. A população chegou a arrecadar dinheiro para este fim. Entretanto, a necessidade de um hospital foi prioritária, e os fundos recolhidos foram destinados a sua construção.
Na década de 1950, a comunidade volta a lançar uma nova campanha visando à fundação do colégio. A Câmara Municipal reúne-se e decide conceder permissão para a vinda de religiosas, com o objetivo de fundar e dirigir um colégio feminino na cidade.
O vigário Adílio Basso foi o responsável pelos entendimentos com as religiosas, auxiliado pelos pedidos do bispo diocesano, dom Luiz Felipe de Nadal. Após longa jornada de negociações, a comunidade, a comissão e as autoridades optaram pela Congregação das Filhas de Maria Auxiliadora (FMA) que provinham da Itália e, no momento, realizavam missões no Brasil.
As salesianas de Dom Bosco aceitaram se instalar na cidade, porque esta era uma área ainda não explorada por suas missões. Para essa decisão pesou, também, o fato de essa obra já estar em andamento, ou seja, havia o Ginásio Santo Antonio de Pádua, dos padres da Ordem dos Freis Menores Conventuais em pleno funcionamento. O trabalho das religiosas atenderia, assim, a um duplo interesse: de um lado, a necessidade da comunidade, de outro, a expansão da obra salesiana.
Então, as irmãs assumiram a educação feminina e implantaram o Instituto Nossa Senhora Auxiliadora. Inicialmente, chegaram as irmãs Maria Aparecida da Silva, diretora, Maria Colombo, secretária, Maria Ângela de Britto, Maria Aparecida de Freiras e Lúcia Dallabona.
São Luiz Gonzaga, na época, era pequena e com poucos recursos. Foi, no entanto, a primeira cidade gaúcha a sediar uma escola salesiana. Isso representou uma profunda revolução na educação de meninas e trouxe novo estímulo para a população.
Evidentemente, se constituiu em grande diferencial e motivo de muita alegria para a comissão que tratava do assunto. A comissão era formada por muitos são-luizenses, dentre os quais os senhores Orestes Alves do Amaral, Mario Steffen, Plínio Moreira, Paulo Reginato, Moacir Aquistapace, Balduíno e Luiz Dall’ Acqua, além dos prefeitos Justino Marques de Oliveira e, depois, João Loureiro, que muito contribuíram. Até que enfim, as moças de São Luiz poderiam estudar sem precisar sair da cidade. Uma grande vitória.
As religiosas chegaram em 24 de fevereiro de 1958, em um avião da Varig que fazia duas viagens semanais a São Luiz. Ali, começou uma história bonita de amor à educação. A formatura da primeira turma de normalistas ocorreu em 10 de julho de 1964, um ano emblemático para o Brasil. As autodenominadas “Gurias de 64” celebram, na próxima quarta feira (10), 55 anos de formatura da primeira turma de professoras primárias formadas em sua própria cidade. Para comemorar esse grande passo, foi lançado, em 31 de maio deste ano, o livro Uma Jornada de Emoções (180 págs, Ed. Martins Livreiro), registro e coletânea de crônicas escritas pelas gurias de 1964, além de documentos e fotos da época que contam essa história.
Colaboração de Maria Ivone de Avila Oliveira, organizadora do livro e vice-presidente do Instituto Histórico e Geográfico de São Luiz Gonzaga