A Estação Ferroviária de Montenegro, hoje Estação da Cultura (Rua Osvaldo Aranha, 2.215), está comemorando 110 anos da sua implantação. Ela foi inaugurada no dia 2 de julho de 1909. Essa era uma das mais importantes rotas comerciais do Estado no começo do século 20. Foi por ela que, depois de 30 anos de transporte ferroviário, os trens vindos de Santa Maria, Uruguaiana e dos Estados do Paraná e São Paulo finalmente puderam alcançar a capital gaúcha. Por décadas, foi o centro da vida de Montenegro, como lembra Maria Izabél Vargas, filha do ferroviário Gedeão Silva:
“Nós tínhamos uma intimidade com a estação, conhecíamos cada espaço: a sala de bagagens, o restaurante, o telégrafo, o lugar onde encostava o carro pagador, o local onde paravam as carroças e os caminhões para carregar mantimentos para o armazém. Havia um local em que desciam os bovinos e as tropas seguiam pelas ruas. Era uma vida muito intensa”, revela Maria Izabél, relembrando ainda que foi na plataforma que o namoro dos pais dela começou.
Nos anos de 1940, o prédio passou por grandes modificações arquitetônicas, ganhando, inclusive um segundo pavimento.
Na década de 1960, com o declínio do modal ferroviário, a Estação foi desativada. Na década de 1980, o jovem estudante Pedro Bühler fez do projeto de restauração da Estação o seu trabalho de conclusão da graduação em Arquitetura. O sonho de ver o projeto sair do papel empolgou a comunidade: “Aquilo que inicialmente pareceu utópico acabou sendo abraçado por muitas pessoas. Em 1983, conseguimos oficializar o tombamento histórico que incorporou, pela primeira vez no Rio Grande do Sul, toda uma área livre de 4,5 hectares do complexo ferroviário”, relembra Bühler.
Em 2005, depois de duas décadas de mobilização, finalmente o restauro teve início graças ao apoio da Copesul, que foi adquirida pela Braskem, empresa que seguiu o compromisso de valorizar o patrimônio histórico e viabilizou a restauração de outros dois prédios do complexo, em 2009 e 2016.
No aniversário dos seus 110 anos, a Estação voltou a ser um importante ponto de encontro da população da cidade, oferecendo atividades de cultura e lazer gratuitas.