Os dedos ágeis na tela do celular ou no silencioso teclado do computador em nada lembram os velhos tempos das máquinas de escrever. Entre os anos 1930 e 1960, cursar uma escola de datilografia era qualificação fundamental para os jovens que tinham a intenção de entrar no mercado de trabalho após terminar o curso médio.
A máquina de escrever atingia o apogeu como dispositivo tecnológico da época. Desde que, em 1714, o britânico Henry Mill criou um primitivo processo de escrever mecanicamente, o manuscrito começou a perder espaço. O esforço físico para pressionar as teclas, com o tempo, deu lugar à suavidade das máquinas eletromecânicas. Esse tipo de ferramenta evoluiu até por volta dos anos 1960, quando, no início da década, as “moderníssimas” IBM de esfera foram lançadas. A chegada e a disseminação dos computadores, nos anos 1980, aposentaram, definitivamente, as máquinas de escrever, relegando-as aos museus como inúteis aparelhos jurássicos.
Em alguns cursos de “dactilografia”, os alunos praticavam de olhos vendados para adquirir destreza e se livrar da incômoda adjetivação de “catadores de milho”, atribuída àqueles que procuravam, com os olhos, cada uma das teclas a ser pressionada. De escolas como a Royal ou a Remington, eles saíam diplomados, como Moema de Abreu, que, em 1943, aos 17 anos, foi julgada apta para exercer as funções inerentes à profissão.
Agora, os mais jovens nunca mais terão a experiência auditiva, tão insalubre quanto estimulante, que vivi ao ingressar pela primeira vez em uma redação de jornal, com dezenas de repórteres e editores batucando, simultaneamente, suas Underwood ou Olivettis.
Nos resta, apenas, o espanto de ver a surpresa de uma criança, que, diante da demonstração de como funcionava uma geringonça dessas, exclamou: “Que legal... vai digitando e já imprimindo...”.
Colaborou Pedro Haase