Por Pedro Haase Filho, interino
No fim de 1920, quando era o presidente do Estado do Rio Grande do Sul (o equivalente a governador hoje ), Getúlio Vargas tinha um hábito que era seguido por muitas famílias gaúchas de classe média abastada da época: passar temporadas do verão no balneário de águas termais localizado na cidade de Iraí, junto ao Rio Uruguai, no limite com Santa Catarina, distante 450 quilômetros de Porto Alegre.
Desde que os primeiros habitantes se estabeleceram na região, por volta dos anos 1890, a variedade de fontes de águas minerais, quentes e frias, chamou a atenção de quem vivia por lá. Com o passar do tempo, essas águas criaram fama devido à composição química, sendo indicadas para tratamentos de doenças de pele, fígado, rins, reumatismo e outras enfermidades. Tanto que Iraí é até hoje conhecida como Cidade Saúde.
A partir de 1935, quando foi inaugurado o moderno e arrojado Balneário Hotel Osvaldo Cruz, projetado pelo arquiteto francês Alfred Agache, o município tornou-se destino habitual das famílias que buscavam não só algum tratamento saudável, mas que também iam atrás de divertimento e lazer, especialmente nos veraneios de janeiro e fevereiro. Era comum excursões lotarem ônibus e carros particulares, que enfrentavam as agruras de uma viagem de 450 quilômetros de estrada de chão batido para alcançar o destino tão apreciado.
O auge dos veraneios em Iraí ocorreu nos anos 1940, especialmente com a inauguração do Cassino Guarani, que sobreviveu até 1946, quando o então presidente da República, general Eurico Dutra, proibiu a jogatina em todo o território nacional.
“Os turistas que veraneavam pela cidade se impressionaram com que a casa lhes ofereceu no dia da inauguração: restaurante, bar, salões com luzes coloridas, móveis luxuosos, uma orquestra com seis músicos e muito jogo”, contou a historiadora Sirlei Rossoni, em seu livro O Cassino Guarani.