Do leitor Luiz Carlos Mello recebemos esta divertida curiosidade. Um cidadão de Santa Cruz do Sul, indignado com o então governador Augusto Borges de Medeiros, que não teria cumprido suas promessas de campanha, escreveu-lhe uma carta.
A correspondência foi parte de um processo de inventário e, por esse motivo, quem a encontrou não divulgou o nome do autor, para não criar problemas aos descendentes. A missiva teria sido nos seguintes termos:
Santa Cruz, 17 de junho de 1926.
Bra doctor Porges, Mederos!
August!
Tisgulpa aug veis, eu faicê est carte apertos bra ti. Eu nong guerria mi midi neste queston bolidigue, mais acore eu nong vai tisbarrá, bonrgausa gui tu brovoquei os minheis badricios tude. Tu guerr banquei a bichon odre veis, mais tu nog bode faicé ist. Tu cha mostrei gui tu nong dem garagú na bisgoso. Guand a Pernardes endrei na Gatete tu endreis na gallenhera! Tu abondonei dudes gombanheras do Brazon. Tu banquei a rebendida. Como é guia que acore tu guerr banguei o valenton bra cima das allemongs? E chá fais gome trinta annas qui tu stá faicendo dirirrica bra nóis. Tu bromedi sdrada pros golhenos Brás allemongs, i vodei bra ti. Tu brometi sgola bras grinacinhas allemongs.
Tu bromedi ung borçons ti goises, mais tu nong fis nada.
Nóis nong gredita bra ti: August. Tu zembre sda tizendo qui a Stado fais brogresa, qui aumenta allemongs na tua governa. Pucha diabo, August como tu figuei mendirosa! Nong fui tu gue fis as brogressos! Na Rio Grande! Fui as allemongs gui féis a brogreso, brogausa qui eles blantei a fichong, a mandioca, patatas i muides odres blandaçongs que dem na roça, allemongs griei os bórgos bra faizê a panha e o linguice! I tu August, gui fui gue tu plantei.
Tradução
Santa Cruz, 17 de junho de 1926
Para doutor Borges, Medeiros!
Augusto!
Desculpa, uma vez, eu fazer esta carta aberta para ti. Eu não queria me meter nessa questão política, mas ocorre que eu não vou disparar, porque você provocou meus patrícios todos. Você quer bancar o bichão outra vez, mas não pode fazer isto. Você já mostrou que não tem cérebro na cabeça. Quando o presidente Bernardes entrou no Palácio do Catete, você entrou no galinheiro! Você abandonou todos os companheiros do partido. Você bancou o arrependido. Como é que agora você quer bancar o valentão para cima dos alemães? E já faz 30 anos que você está fazendo tiririca para nós. Você prometeu estradas nas colônias alemãs, e eu votei em você. Você prometeu escolas para as criancinhas alemãs. Você prometeu uma porção de coisas, mas você nunca fez nada. Nós não acreditamos mais em você, Augusto! Você sempre está dizendo que o Estado faz progressos, que aumentaram os alemães no teu governo. Puxa diabo, Augusto, como você ficou mentiroso! Não foi você que fez o progresso! No Rio Grande, foram os alemães que fizeram o progresso, porque eles plantam feijão, mandioca, batata e muitas outras plantas que crescem na roça, os alemães criam os porcos para fazer banha e linguiça! E você, Augusto, o que foi que você plantou?
Como diz o ditado italiano: Se non è vero, è ben trovato, ou seja, se não é verdade, foi muito bem contado...