Médico, formado pela Faculdade de Medicina e Farmácia de Porto Alegre (1911), professor e diretor em duas gestões, o doutor Luiz Francisco Guerra Blessmann foi também um importante provedor da Santa Casa de Misericórdia. Foi destaque na área médica pela fundação da Escola de Enfermagem da Universidade Federal, a qual possibilitou a formação de um considerável número de enfermeiras.
Como deputado estadual, Guerra Blessmann foi, durante um curto espaço de tempo, presidente da Assembleia Legislativa do Estado. Em 1960, pela importante trajetória acadêmica, foi agraciado com o título de professor emérito da Faculdade de Medicina de Porto Alegre.
Proprietário de uma chácara de veraneio na zona sul de Porto Alegre, no bairro Tristeza, o médico aproveitava o local à beira do Guaíba para o descanso e o lazer junto à família. Nas lembranças das netas: “Vovô usava o Guaíba, não tanto como nós. Às vezes, nós insistíamos, e aí ele entrava no rio. Quando chegava lá no fundo, tirava os óculos, mergulhava, colocava os óculos novamente e saía. Era esse o banho dele”. Seguindo a tradição de outros alemães, com o tempo passou a residir no arrabalde.
A busca por tranquilidade e um ar mais puro foi o motivo da mudança de endereço. Doutor Guerra Blessmann era um homem muito admirado pela família e pelos amigos, não só pela importância da medicina que desempenhava, mas também por sua conduta séria e personalidade forte. Ele aparece também como um dos precursores da cirurgia na Faculdade de Medicina de Porto Alegre.
A busca por novos conhecimentos o fez viajar para a Europa na década de 1920. O aperfeiçoamento no Exterior trouxe inovações também para a Santa Casa, onde trabalhou durante muitos anos. A inauguração do Hospital São Francisco, uma homenagem às irmãs franciscanas que atuavam na instituição, ocorreu no final da gestão de Aurélio de Lima Py e no início da administração de Guerra Blessmann. Na solenidade, ficou marcada a presença do presidente do Estado, Getúlio Vargas.
Guerra Blessmann morreu em 5 de junho de 1972, no Hospital Moinhos de Vento, após ter sofrido um acidente vascular cerebral, em sua chácara na Zona Sul. Completaria 81 anos em 10 de julho. Após uma longa e profícua trajetória na área médica e também no magistério, ficaram o legado e, principalmente, as memórias dos seus descendentes. Agradecimentos a Maria Blessmann e Maria Luiza Kowarick, netas de Blessmann, e à professora Vera Barroso, pelo Acervo Histórico da Santa Casa.
Colaboração de Janete da Rocha Machado, historiadora, doutoranda e mestre em História pela PUCRS.