Neusa Dalpian, durante toda a sua infância, veraneou em Tramandaí. Depois de algum tempo sem retornar à cidade-balneário, mais recentemente voltou a visitar aquela praia. No último fim de semana, passeando pela orla, uma obra de demolição chamou a sua atenção. Mais um ícone desse passado de lazer, férias, sol e mar está desaparecendo da paisagem gaúcha. Pouco a pouco, as paredes do Hotel Siri (Avenida Fernando Amaral) estão caindo, com a ajuda insensível de uma potente máquina escavadeira. Em breve, ele existirá somente na memória daqueles que o conheceram ou lá se hospedaram. Sou uma dessas pessoas.
No primeiro ano da década de 1970, Zero Hora alojou lá a equipe encarregada de fazer a cobertura de praia de mais uma temporada de verão. Quase um menino (19 anos), eu e outro “foca” (jornalista inexperiente), o repórter Luiz Cláudio Cunha, acompanhados do motorista Nestor (que dirigia um Jeep Willys), ocupamos um dos apartamentos do Siri. Depois de rodar os dias inteiros pelo Litoral, eu tentava dormir ao som do tlec-tlec da máquina de escrever onde eram preparadas as reportagens, que, na manhã seguinte, seriam despachadas junto com os filmes para Porto Alegre pelo ônibus.
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O hotel foi erguido na virada da década de 1940 para a de 1950 pela firma Lubianca & Cia Ltda. O engenheiro civil Leo Lubianca (1921-2002), dono da empresa, foi responsável também, além da construção do Hotel Siri, por muitas outras obras que marcaram a paisagem da Capital e de cidades do Interior, como: o prédio da TV Piratini, Cines Marrocos e Presidente, Palácio de Festas 1.001 Noites e, ainda, diversos estádios de futebol, como o do Guarany de Bagé, o do Esporte Clube Uruguaiana e o do Saraiva (ambos em Uruguaiana), o do Esportivo, de Bento Gonçalves, e o Estádio Municipal de Quaraí. Leo adorava futebol, foi juvenil do Força e Luz e, em 1936, chegou a ser juvenil também do Grêmio, que ainda jogava no campo da Baixada. Nos anos 1960, ele integrou a diretoria e presidiu o Grêmio Esportivo Israelita.
Entrei em contato com a empresa Mar e Mar, que até onde sei foi a última proprietária do Hotel Siri, entre outros, pois queria saber o que será feito no terreno.
Até o fechamento da coluna, a empresa não retornou a ligação.
Colaborou Gilberto Jasper