Os Sinuelos, conjunto folclórico gaúcho, fundado no Rio de Janeiro por Dino Bertoglio e Wilson Cavalheiro, fez muito sucesso, principalmente na TV Tupi e na Rádio Nacional, nos anos de 1957 e 1958, quando a gravadora Philips lançou o LP (bolachão) Apresentando os Sinuelos e o disquinho em 45 rpm Danças Gaúchas. Essas músicas foram intensamente tocadas nas rádios do Rio, São Paulo, Minas Gerais e em todos os Estados do Sul. Empolgada com as vendas, a Philips, comandada por empresários holandeses que tinham comprado o selo Sinter, resolveu apostar nos Sinuelos para a interpretação de músicas populares. Foi aí, então, que o grupo gravou os boleros Cachito, sucesso internacional, e Aunque no me Quieras, com acompanhamento especial do extraordinário violonista internacional Baden Powell. Depois de muito sucesso, foi a vez de gravarem mais duas músicas: Interesseira e Churrasco Bom.
Quando chegou o Carnaval de 1958, a gravadora requisitou Os Sinuelos novamente, para que interpretassem mais duas músicas: Trabalho e Bebida, do consagrado compositor e cartunista Antônio Nássara (autor, com Haroldo Lobo, do sucesso Alá-lá-ô) e J. Cascata, e Marcha do Chofer (taxista), de J. Cascata e Luiz Bittencourt, com o acompanhamento da grande Orquestra da Rádio Nacional. Essas músicas foram tocadas intensamente em programas como o de César de Alencar, chamado Carnaval Brahma Chopp, na Rádio Nacional, e em muitos outros, como no de Paulo Gracindo, e, ainda, em diversas outras rádios.
Felizmente, antes que todos os velhos discos de 78 rotações se quebrassem, pois ainda não eram de vinil, as músicas foram gravadas em fita, e posteriormente transportadas sendo registradas em Compact Disc (CD). As letras dessas músicas eram sempre comentadas pelas revistas O Cruzeiro e Modinha, além de outras. A letra da Marcha do Chofer, criada quando ter um automóvel era um raro privilégio, dizia:
"Quem é que não quer
ter a vida do chofer (bis).
Tem vida mansa e só trabalha quando quer,
tem automóvel, tem dinheiro e tem mulher,
se faz calor e ele quer se refrescar,
mete o pé na tábua e vai dormir lá
no Joá.. Joá...".
Nota aos jovens: em desuso, a expressão “meter o pé na tábua” significava acelerar fundo. Como o assoalho dos primeiros carros era de madeira, a sola do pé só encostava na tábua se o pedal do acelerador estivesse totalmente pressionado.
Após o Carnaval, Edmundo Carijó, integrante e coreógrafo dos Sinuelos, que foi também o primeiro bailarino do Teatro Municipal e coreógrafo de filmes nacionais, foi convidado para ser jurado, no quesito evolução, nos desfiles das escolas de samba do Carnaval carioca. Ali, permaneceu por 10 anos consecutivos.
Colaborou Dino Bertoglio